PÁTINAS E LIMPEZAS.

Dúvidas relacionadas com estados de conservação de moedas
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doliveirarod
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PÁTINAS E LIMPEZAS.

#1 Mensagem por doliveirarod » sábado jul 28, 2007 4:27 am

Deixo aqui algumas imagens/exemplos e dicas que podem ser úteis para os iniciantes. A idéia é dar uma mostra clara do que é uma boa pátina, e no que pode resultar uma boa ou uma má limpeza.
Dessa Forma, pretende-se aqui ajudar a evitar que boas moedas e pátinas se percam com más limpezas...

Exemplo 1:

Imagem

Aqui vemos bem claramente, à direita, um exemplo de pátina autêntica, que valoriza o aspecto da peça.

A pátina é toda uniforme, cobre toda a moeda, possui uma tonalidade acastanhada e escura. Elas podem variar bastante, tendendo ao cinza, preto ou azulado (no caso das pratas), isso depende do meio a que foi exposta. A boa pátina surge com o tempo, pátinas artificiais (graxas, óleos queimados e químicos em geral) não vão valorizar a moeda, mas apenas deixá-la cheia de sujeira, e portanto, precisando de limpeza (apropriada).
Uma pátina como a que se vê na foto não deve, em hipótese, ser removida. Ela embeleza e valoriza a moeda, não só esteticamente, mas também comercialmente, pois o valor de venda acaba subindo, pois ela se torna mais atrativa e bem mais desejada no mercado numismático. Quem pega uma peça assim tem a "obrigação" de mantê-la tal como está. Retirar a pátina pode significar prejuízo, tanto estético como comercial.

A moeda da esquerda não possui mais a pátina autêntica do decorrer do tempo. Talvez tenha precisado de limpeza em determinada época. Nesse caso, a moeda não está desvalorizada por não ter a pátina, mas não valerá tanto quanto a da direita, que tem um "plus" em relação a ela. Ou seja: O fato de não ter a pátina não vai desvalorizar a moeda, desde que não esteja adulterada, mas a peça que tem uma pátina original, valerá mais.

A moeda da esquerda foi corretamente limpa. Não se percebem nela adulterações no brilho natural do metal (prata) e nem riscos ou abrasões (scratched - tal como classificam nos EUA).
Esse é o resultado da limpeza correcta, desde que necessária, para remover gordura, manchas, crostas ou resíduos nocivos. Tais "porcarias" não se confundirão jamais com a pátina autêntica, que é uma decorrência da reação natural da moeda com o meio ambiente a que foi exposta.

Vamos adiante:

Exemplo 2:

Imagem

Eis aqui um exemplo de adulteração do estado original da moeda. Reparem bem: ela brilha de uma forma que não é natural, foi aplicado nessa peça um polimento que a deixou com um brilho que ela jamais teve em suas condições normais (chama-se a uma moeda assim de "cleaned"). A peça perdeu sua originalidade, e em decorrencia parte de seu valor comercial. Esse mau resultado decorre, via de regra, de fricção, utilizando-se de polidores de metais ou panos repetidamente esfregados. Esse "brilho de espelho" deve ser evitado a todo custo em uma boa colecção.

Exemplo 3:

Imagem

Exemplo 4:

Imagem

Essas peças foram "limpas" com escova de aço, ou talvez com lã de aço, do tipo que se usa p/ limpeza de cozinha.
Moedas literalmente "condenadas", perderam muito do seu valor. Apresentam riscos pela superfície de seu espelhado, esses riscos refletem a luz e deixam a peça com um aspecto arranhado e muito desagradável. Esse tipo de limpeza também deve ser evitado a todo custo numa boa colecção. moedas assim são classificadas nos EUA como "scratched", e tem uma boa depreciação, tal como as polidas indevidamente - "cleaned".

Podemos citar ainda como exemplos de má limpeza a que utiliza de corrosivos ou substâncias que reagem e alteram os metais em suas características naturais, e as que combinam polidores de metais com escovas de aço, essas são as mais terríveis e danosas.

Também são altamente desaconselháveis as feitas com instrumentos de metal, que podem trazer danos irreversíveis as peças.

Bom, se eu tiver conseguido salvar alguma moeda ou pátina com esse post, dou-me por satisfeito! :)

Mais informações neste tópico: http://forum-numismatica.com/viewtopic.php?t=16893

:biggthumpup:
Última edição por doliveirarod em segunda jan 14, 2008 1:57 am, editado 1 vez no total.


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#2 Mensagem por narper » sábado jul 28, 2007 1:10 pm

Brilhante caro Fabiano.

Oxalá sirva o seu propósito.

Eu, há alguns anos, limpei centenas de moedas. A maioria não tinha não tinha valor expressivo, no entanto, umas poucas, eram boas peças e ficaram irremediavelmente perdidas.
Tive que as substituir e, algumas, nunca o consegui.
Infelizmente, nessa época não haviam espaços como o fórum e, o conhecimento e cultura numismáticas, aqui na ilha, por ser um meio limitado, eram nulos ou pouco divulgados o que potencializava essas asneiras.

Hoje sou um fervoroso adepto do não limpar.

Creio que nos dias que correm e com esta ferramenta que extravaza fronteiras (que é a net) é muito mais fácil para um indivíduo, ainda que residente num meio onde o coleccionismo é pouco divulgado, adquirir facilmente o know how que lhe permita evitar o cometimento destes erros.
Navegar por sites de leilões (por ex. o ebay, passe a publicidade) e acompanhar certos artigos, verificar e observar as classificações certificadas, tão características dos EUA e analisar o comportamento do mercado é um bom exercício para adquirir a consciência que brilhante não é sinónimo de novo.

Um bem haja! :biggthumpup:

victor nascimento
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#3 Mensagem por victor nascimento » sábado jul 28, 2007 3:47 pm

Amigo doliveirarod
Sou um antigo limpador de moedas. Agora já não o faço pois estou a aprender como se deve lidar com a limpeza, mas por vezes aparecem dúvidas e o seu post levantou-me uma.
Peço um esclarecimento.
Exemplo: duas moedas iguais, saídas na mesma data; uma foi acondicionada em alvéolo, mateve-se intacta: a outra ficou ao ar e criou a tal patina original e escurecida.
Qual será mais valorizada a segunda???
Será que se porá em causa uma possivel limpeza especial à primeira???
Se assim for há que mater as peças fora dos alvéolos? Isto claro em casos especiais.
Quando enviar alguma carta ou encomenda use selos de correio comemorativos.
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#4 Mensagem por PedroT » sábado jul 28, 2007 3:53 pm

sem querer pareçer ser "chunga" isto pareçe-me uma reunião do A.L.M.A. (Antigos Limpadores de Moedas Anónimos).... eu pessoalmente há 15 dias que n limpo e estou orgulhoso.

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#5 Mensagem por doliveirarod » sábado jul 28, 2007 4:48 pm

Exemplo: duas moedas iguais, saídas na mesma data; uma foi acondicionada em alvéolo, mateve-se intacta: a outra ficou ao ar e criou a tal patina original e escurecida.
Boa questão. A que adquiriu uma pátina original e naturtal será a valorizada, desde que a pátina seja mesmo decorrência do tempo.

O ideal é o acondicionamento em bandejas, longe de humidade, mas em contacto com o oxigênio, no caso das pratas. Com o passar dos anos a tonalidade vai aparecendo. Mas devido a questões de espaço e prácticas, usa-se hoje os alvéolos, que não são desaconselháveis, até pq preservam pátinas já existentes.
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#6 Mensagem por pedrop » sábado jul 28, 2007 9:03 pm

VICTOR NASCIMENTO Escreveu: Exemplo: duas moedas iguais, saídas na mesma data; uma foi acondicionada em alvéolo, mateve-se intacta: a outra ficou ao ar e criou a tal patina original e escurecida.
Eu pessoalmente acho que dava a mesma coisa pelas 2. Senão vejamos: a primeira está soberba e melhor do que soberba é practicamente impossivel (a questão do FDC). A segunda está no estado Bela mas a patina valoriza-a. Ou seja para mim tinham o mesmo valor de mercado, mas acho que isso difere um pouco derivado dos gostos de cada mumismata (há quem prefira as moedas ainda com o brilho original e outros que prefiram a moeda a mostrar o pesar dos anos).

Quanto ao topico, acho que era necessário. Obrigado doliveirarod :biggthumpup:
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#7 Mensagem por victor nascimento » sábado jul 28, 2007 9:13 pm

Portanto isto será uma questão daquelas sem resposta, ou seja a resposta será dada por quem adquir a moeda e dependendo do seu gosto. Mais uma vez voltamos ao valor real da peça, será aquele que for acordado por quem vende e por quem compra
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#8 Mensagem por Rui Teixeira » sábado jul 28, 2007 9:33 pm

Deixo aqui imagens de uma moeda que adquiri recentemente e que limpei
imagem quando adquirida.

Imagem

e depois de limpa

Imagem

mais uma foto depois de limpa
Imagem

tranzyz
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#9 Mensagem por tranzyz » sexta nov 02, 2007 3:08 pm

doliveirarod Escreveu:
Exemplo: duas moedas iguais, saídas na mesma data; uma foi acondicionada em alvéolo, mateve-se intacta: a outra ficou ao ar e criou a tal patina original e escurecida.
Boa questão. A que adquiriu uma pátina original e naturtal será a valorizada, desde que a pátina seja mesmo decorrência do tempo.

O ideal é o acondicionamento em bandejas, longe de humidade, mas em contacto com o oxigênio, no caso das pratas. Com o passar dos anos a tonalidade vai aparecendo. Mas devido a questões de espaço e prácticas, usa-se hoje os alvéolos, que não são desaconselháveis, até pq preservam pátinas já existentes.
para mim uma moeda nova com patine nao passa de bela, e uma moeda nova sem patine e com brilho de cunho é soberba, ora vejamos se nao uma moeda nova com patine era melhor que uma bnc, entao nesse caso recomendava a todos os colecionadores a retirar as moedas dos alveolos e tocarem com os dedos para ganharem patines e valorizarem as moedas... ninguem faça isto em casa é só para profissionais :)

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#10 Mensagem por andremmf » sexta nov 02, 2007 6:05 pm

para mim uma moeda nova com patine nao passa de bela, e uma moeda nova sem patine e com brilho de cunho é soberba
Nos países anglófonos ficaria clara a diferença entre uma e outra - a primeira seria UNC e a segunda BU. Em Portugal, os estados de conservação, tal como se encontram definidos, originam facilmente alguma controvérsia. Quanto a mim, uma moeda não circulada, mas com uma pátine uniforme, e resultante apenas do tempo (exposição natural e quase inevitável aos agentes atmosféricos), deveria ser classificada como Soberba, sendo que uma moeda Bela é sempre uma moeda com vestígios de circulação (ligeiríssimo desgaste nos pontos mais altos do relevo), ou uma moeda não circulada, mas com algum defeito mais grave, como corrosão acentuada, pequenos riscos (por exemplo resultantes de limpeza inadequada) ou pequenas mossas.
Mas este assunto já foi alvo de discussão em diversos tópicos... e até agora, segundo creio, não se chegou a nenhum consenso. Só mesmo introduzindo algumas modificações na nossa classificação...
André Fonseca

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