Porra levei um nó cego a ler isto.
A moeda (?) do Rui: O facto de parecer bolhão e a legenda que apresenta, de facto baralham as coisas.
De resto o artigo do Paulo Lemos sistematiza um importante legado. Estas moedas/contos devem ser avaliados com base em 5 aspetos:
1) Peso
2) Módulo
3) Metal
4) Legenda
5) Manufactura do numisma e figuração dos símbolos gravados (Estilo)
Alguns destes são problemáticos, vejamos:
1) Peso: em alguns o peso da moeda/conto é impossível de aferir em mão, logo não é expectável que na sua época pudessem ser distinguidas pelo peso. A não ser que seja claramente diferente, nada resolve
2) Módulo: Idem. Quando diferente resolve a questão, quando semelhante nada acrescenta.
3) Metal: Penso que talvez o mais importante. Não faz qualquer sentido utilizar metais nobres (ainda que pouco) numa unidade de conto. Sabendo que na época não havia cunhagens de moeda em latão, resolve o problema
4) Legenda: Importante, mas há problemas de legendas mistas na opinião do Pedro
5) Estilo: Funciona bem, exepto quando iguais.
Isto para dizer que a do Rui deixa-me algumas dúvidas, espero que seja conto pois não precisamos de mais confusão em D. João I.

O reinado mais complicado de todos, em minha opinião.
As do Pedro estão bem identificadas, como seria de esperar.
Já a do BES... Tive oportunidade de alertar para que o reverso parece escavado, mas lá está é daquelas coisas que só com ela em mão. O problema da ideia da escavadela, é que teria de ser uma valente escavadela

(Para que fique claro quando se diz que parece que a moeda está escavada não estou a dizer que a moeda foi viciada, pode e deve ser apenas um efeito visual).
Sobre os reais de 10 reais (ou o que lhes quiserem chamar): D. João I teve uma vida complicada no início, teve que arrancar o reino da D. Beatriz e, por inerência, dos nuestros hermanos. Tal apenas foi possivel com um forte apoio financeiro e com a compra de muitos apoios estratégicos. As cunhagens por ele lavradas enquanto regedor são em metal relativamente rico e escassas, não existindo bolhão ou ligas de prata fracas. A ideia que tenho é que estas emissões não foram feitas para circular (ainda que algumas tenham chegado ao mercado, como é óbvio) mas para terem servido essencialmente para a compra de apoios. Admito, especulando, que o pagamento numa moeda batida com nome do regedor (pretendente) vinculava de forma forte quem recebia o pagamento, pois tinha em mão evidência que se tinha vendido, se as coisas corressem para o torto ficava com a cabeça no cepo. Ao contrário, se ele pagasse em barras de prata, seria um pagamento anónimo fácil de dispersar sem rasto. Adicionalmente, quando os receptores das moedas as usassem como forma de pagamento, estavam de forma direta a anunciar o seu apoio à causa. Nesta hipótese, coloco os reais de 10 coisas na mesma linha, mas já Rei. Algo tipo, para pagamento da última prestação.
O problema deste argumento é que muitas vezes os 10 reais de qualquer coisa são associados (pelo grafismo) aos reais brancos. No entanto, o reverso destas moedas é o mesmo do Regedor. Na lavra desta hipótese podemos aventar uma outra hipótese: a de se pensar no estilo dos reais brancos como uma tentativa de regresso a uma moeda forte repescando a imagem de de moeda forte do início de reinado.
Tudo isto são "food for thought" e não passam de ideias tolas. Financeiramente, D. João I era absolutamente genial. Com ele no poder hoje, a Troika já nos estava a dever dinheiro.
Iúri, desculpa o pesadelo que trouxe para a tua vida com o desafio de D. João I
