ROMANAS e CLÁSSICAS - Separando o joio do trigo!
- Augusto Mouta
- Reinado D.Filipe I
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Re: ROMANAS e CLÁSSICAS - Separando o joio do trigo!
Excelente introdução ao tema!
Infelizmente, os falsários sabem que o número de coleccionadores é crescente, mas o número de conhecedores é e sempre foi limitado.
Gostaria de introduzir dois novos temas relacionados.
Começo pela imitação de moedas romanas na península ibérica. Esta questão perdurou em todo o período de dominação romana, com especial incidência nos períodos de escassez de moeda, em particular desde o encerramento forçado das cecas ibéricas (ver literatura específica). São particularmente conhecidas as imitações de Ases de Cláudio. Recentemente, foi produzida literatura sobre o assunto. Os estudos comprovam uma realidade que já se suspeitava há muito: grande parte da moeda tardo- romana que circulou e que hoje se encontra depositada em colecções públicas e privadas é falsa: são imitações contemporâneas que se encontravam misturadas à moeda circulante e ainda continuam. Um bom exemplo de estudo especializado é a obra "As imitações de moeda de bronze do Séc. IV ac na Península Ibérica: o caso do Ae2 Reparatio Reipub", livro n.º 13 do Instituto Português de Arqueologia, da autoria de Milagros Sienas Hernando. VALE A PENA LER e a obra completa está disponível gratuitamente no site do IPA.
O outro tema é o da moeda chinesa. Os sites mais sérios alertam desde há algum tempo para o facto de não serem seguros os numismas que chegaram ao mercado desde 1985-86. O nível das alsificações chinesas é elevadíssimo. Dedico-me intermitentemente às moedas chinesas há mais de 20 anos, e reconheço que o mercado mundial está altamente inseguro. Diz-se que actualmente nenhum perito consegue identificar as falsificações das melhores oficinas, que chegam a fundir metal da época, com as ligas correctas, e depoir de efectuarem cópias de moedas autênticas as submetem a tratamento fisico-químico com terra das regiões donde eram originários os originais, fde modo a que as patinas sejam as correctas... Um verdadeiro pesadelo.
O problema é que as técnicas estes falsários já ameaçam a credibilidade de todo o mercado numismático. Tenho visto alguma moeda chinesa à venda cá em Portugal e salvo as moedas vulgaríssimas em mau estado de conservação a esmagadora maioria é falsa. Mas segundo um comerciante com quem conversei longamente "vendem-se muito bem".
Para finalizar, uma nota acerca dos "restauros". Trata-se duma acção legítima, desde que o objectivo seja recuperar um estrago causado a um numisma, fazendo-se fotos antes e depois do restauro, assegurando que este não altere nenhuma das características da moeda. O restauro deve ser mencionado nas descrições da moeda.
Tenho visto restauros bem feiros (possuo um denário de Hadrianus em que a legenda foi parcialmente acentuada) e outros muito mal feitos, mas os campeões documentados têm sido moedas de ouro portuguesas que foram totalmente refeitas. Um problema a seguir com atenção
até breve
A.
Infelizmente, os falsários sabem que o número de coleccionadores é crescente, mas o número de conhecedores é e sempre foi limitado.
Gostaria de introduzir dois novos temas relacionados.
Começo pela imitação de moedas romanas na península ibérica. Esta questão perdurou em todo o período de dominação romana, com especial incidência nos períodos de escassez de moeda, em particular desde o encerramento forçado das cecas ibéricas (ver literatura específica). São particularmente conhecidas as imitações de Ases de Cláudio. Recentemente, foi produzida literatura sobre o assunto. Os estudos comprovam uma realidade que já se suspeitava há muito: grande parte da moeda tardo- romana que circulou e que hoje se encontra depositada em colecções públicas e privadas é falsa: são imitações contemporâneas que se encontravam misturadas à moeda circulante e ainda continuam. Um bom exemplo de estudo especializado é a obra "As imitações de moeda de bronze do Séc. IV ac na Península Ibérica: o caso do Ae2 Reparatio Reipub", livro n.º 13 do Instituto Português de Arqueologia, da autoria de Milagros Sienas Hernando. VALE A PENA LER e a obra completa está disponível gratuitamente no site do IPA.
O outro tema é o da moeda chinesa. Os sites mais sérios alertam desde há algum tempo para o facto de não serem seguros os numismas que chegaram ao mercado desde 1985-86. O nível das alsificações chinesas é elevadíssimo. Dedico-me intermitentemente às moedas chinesas há mais de 20 anos, e reconheço que o mercado mundial está altamente inseguro. Diz-se que actualmente nenhum perito consegue identificar as falsificações das melhores oficinas, que chegam a fundir metal da época, com as ligas correctas, e depoir de efectuarem cópias de moedas autênticas as submetem a tratamento fisico-químico com terra das regiões donde eram originários os originais, fde modo a que as patinas sejam as correctas... Um verdadeiro pesadelo.
O problema é que as técnicas estes falsários já ameaçam a credibilidade de todo o mercado numismático. Tenho visto alguma moeda chinesa à venda cá em Portugal e salvo as moedas vulgaríssimas em mau estado de conservação a esmagadora maioria é falsa. Mas segundo um comerciante com quem conversei longamente "vendem-se muito bem".
Para finalizar, uma nota acerca dos "restauros". Trata-se duma acção legítima, desde que o objectivo seja recuperar um estrago causado a um numisma, fazendo-se fotos antes e depois do restauro, assegurando que este não altere nenhuma das características da moeda. O restauro deve ser mencionado nas descrições da moeda.
Tenho visto restauros bem feiros (possuo um denário de Hadrianus em que a legenda foi parcialmente acentuada) e outros muito mal feitos, mas os campeões documentados têm sido moedas de ouro portuguesas que foram totalmente refeitas. Um problema a seguir com atenção
até breve
A.
- jcmalheiro
- Reinado D.João IV
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- Registado: sábado mar 01, 2008 4:50 pm
Re: ROMANAS e CLÁSSICAS - Separando o joio do trigo!
Caros amigos,
Esta das moedas falsas oriundas da China parece-me um problema insolúvel.
Saudações,
Malheiro
Esta das moedas falsas oriundas da China parece-me um problema insolúvel.
Saudações,
Malheiro
- Augusto Mouta
- Reinado D.Filipe I
- Mensagens: 862
- Registado: quinta ago 07, 2008 9:54 pm
Re: ROMANAS e CLÁSSICAS - Separando o joio do trigo!
As falsas oriundas da China são neste momento um problema insolúvel, mas no futuro próximo vão causar verdadeiros estragos no mercado numismático. No presente, o mercado de moedas chinesas (não somente aquelas que foram publicadas noutro local deste forum mas sobretudo as da Dinastia Qing e anteriores) está em processo de franca subversão. as moedas raras oferecidas a preços baixos são rejeitadas pelos coleccionadores e comerciantes por serem suspeitas de serem falsas? Não há problema: propõe-se a mesma moeda noutro mercado por um preço muito superior e já é aceite como verdadeira!
Os Chineses conhecem desde há muitos séculos o problema da falsificação, pelo que criaram uma defesa inversa, que é a "autenticação". Esta "marca" não teve como justificação a identificação de falsas, mas serve para o efeito. A variação é quase imperceptível aos nossos olhos, mas consiste na datação da moeda por meio de ligeiríssimas variantes do desenho. Existe um livro fabuloso sobre estas "marcas", da autoria de Werner Burger, para o início da Dinastia Qing.
Recentemente, alguns estudiosos da moeda tardo- romana aperceberam-se de marcas do mesmo tipo em moedas de algumas origens orientais a partir de Constantino, e encontra-se em curso a preparação de uma cronologia de cunhos a partir destes indícios. O que será um salto qualitativo fabuloso na numismática romana, pois poderá igualmente permitir a identificação dos cunhos oficiais dos qe o não são. Será, assim, uma espécie de variação da fabulosa obra do Guido Bruck, "Die spätrömische kupferprägung".
A.
Os Chineses conhecem desde há muitos séculos o problema da falsificação, pelo que criaram uma defesa inversa, que é a "autenticação". Esta "marca" não teve como justificação a identificação de falsas, mas serve para o efeito. A variação é quase imperceptível aos nossos olhos, mas consiste na datação da moeda por meio de ligeiríssimas variantes do desenho. Existe um livro fabuloso sobre estas "marcas", da autoria de Werner Burger, para o início da Dinastia Qing.
Recentemente, alguns estudiosos da moeda tardo- romana aperceberam-se de marcas do mesmo tipo em moedas de algumas origens orientais a partir de Constantino, e encontra-se em curso a preparação de uma cronologia de cunhos a partir destes indícios. O que será um salto qualitativo fabuloso na numismática romana, pois poderá igualmente permitir a identificação dos cunhos oficiais dos qe o não são. Será, assim, uma espécie de variação da fabulosa obra do Guido Bruck, "Die spätrömische kupferprägung".
A.
- doliveirarod
- Reinado D.Afonso Henriques
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Re: ROMANAS e CLÁSSICAS - Separando o joio do trigo!
As falsificações chinesas vêm mesmo crescendo, mas essa técnica altamente elaborada só vai compensar para as verdadeiras raridades, pois é necessário obter um metal antigo, conseguir imitar um estilo perfeito, fazer um tratamento químico muito bom. Se a peça em questão não for muito rara, não vai compensar. Além do quê, se a moeda for de prata, o derretimento desse metal antigo fundirá também a velha cristalização, um dos dados identificadores.
Aqui no Brasil tivemos uma enxurrada de 4000 reis de 1900 (400 anos do descobrimento) falsos. Tudo veio da China. A peça é feita em prata 0,900, e pesa exatamente 51 gramas, tal como as originais. Mas não são perfeitas. Existem diferenças pequenas nos detalhes e no acabamento delas, bem como na serrilha, que permitem a identificação da pilantragem.
O estudo das peças é a arma que nos temos contra o falsário. Vou pôr mais informação no tópico das chinesas falsas.
:biggthumpup:
Aqui no Brasil tivemos uma enxurrada de 4000 reis de 1900 (400 anos do descobrimento) falsos. Tudo veio da China. A peça é feita em prata 0,900, e pesa exatamente 51 gramas, tal como as originais. Mas não são perfeitas. Existem diferenças pequenas nos detalhes e no acabamento delas, bem como na serrilha, que permitem a identificação da pilantragem.
O estudo das peças é a arma que nos temos contra o falsário. Vou pôr mais informação no tópico das chinesas falsas.
:biggthumpup:
http://www.megaleiloes.com/leiloes.php? ... liveirarod ML - http://lista.mercadolivre.com.br/_CustId_14426169
"O colecionador é um homem mais feliz"
DIGA "NÃO" ÀS FALSIFICAÇÕES CHINESAS - Não colabore com mercado criminoso
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- Sou só um euro caloiro
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- Registado: quinta set 18, 2008 12:24 am
Re: ROMANAS e CLÁSSICAS - Sepa
Legal... eu li ontem, gostei e entrei no fórum... se não tivesse lido talvez teria comprado uma peça falsa...
:smilebr Unidos pela numismática :Spt
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- Escudinho da II República
- Mensagens: 9
- Registado: sexta set 26, 2008 1:55 am
Re: ROMANAS e CLÁSSICAS - Separando o joio do trigo!
Boa noite
é um lugar comum neste tópico mas não queria deixar de dar os parabéns pelo execelente trabalho de síntese do doliveirarod sobre as moedas falsas. Aprende-se muito, com prazer, e em pouco tempo.
Sobre réplicas encontrei este site de uma empresa de nuestros hermanos... http://www.remoneda.com/tipos.htm que apresenta um vasto catálogo de escolhas de "moedinhas" romanas e outras
Cumprimentos
CG
é um lugar comum neste tópico mas não queria deixar de dar os parabéns pelo execelente trabalho de síntese do doliveirarod sobre as moedas falsas. Aprende-se muito, com prazer, e em pouco tempo.
Sobre réplicas encontrei este site de uma empresa de nuestros hermanos... http://www.remoneda.com/tipos.htm que apresenta um vasto catálogo de escolhas de "moedinhas" romanas e outras
Cumprimentos
CG
- doliveirarod
- Reinado D.Afonso Henriques
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- Registado: terça nov 09, 2004 2:50 am
- Localização: Brasil
Amigos, preciso continuar a atualizar esse tópico, daí vou ter que apagar as mensagens de todos, para que fique continuado e em formato organizado, pois o tópico original já não suporta mais acréscimos. Grato pela compreensão.
http://www.megaleiloes.com/leiloes.php? ... liveirarod ML - http://lista.mercadolivre.com.br/_CustId_14426169
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- Sou só um euro caloiro
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- Registado: domingo mai 09, 2010 2:15 am
Re: ROMANAS e CLÁSSICAS - Separando o joio do trigo!
Bom dia.
Sou nova aqui e não sei bem como usar os tópicos e os recursos, mas tenho uma dúvida e sei que vcs vão poder me ajudar.
soleciono moedas, não entendo nada sobre o assunto, mas tenho várias de várias épocas e lugares, foram presentes e eu acabei comprando várias em antiquarios.
Uma delas me tira o sono, nunca havia parado para olhar bem para ela até o dia em que vi uma moeda parecida com ela nessa página.
Não entendo bem oq está escrito na face dela, ela tem o rosto que parece ser de Cesar, parece estar escrito Hadrian e no verso está escrito AETERNITAS STI ou seria STL e a imagem de atenas e ad letras SC. o material dela é cobre.
Aguardo resposta.
Carol
Sou nova aqui e não sei bem como usar os tópicos e os recursos, mas tenho uma dúvida e sei que vcs vão poder me ajudar.
soleciono moedas, não entendo nada sobre o assunto, mas tenho várias de várias épocas e lugares, foram presentes e eu acabei comprando várias em antiquarios.
Uma delas me tira o sono, nunca havia parado para olhar bem para ela até o dia em que vi uma moeda parecida com ela nessa página.
Não entendo bem oq está escrito na face dela, ela tem o rosto que parece ser de Cesar, parece estar escrito Hadrian e no verso está escrito AETERNITAS STI ou seria STL e a imagem de atenas e ad letras SC. o material dela é cobre.
Aguardo resposta.
Carol