ROMANAS e CLÁSSICAS - Separando o joio do trigo!

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doliveirarod
Reinado D.Afonso Henriques
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ROMANAS e CLÁSSICAS - Separando o joio do trigo!

#1 Mensagem por doliveirarod » segunda jul 07, 2008 2:13 am

Com o texto abaixo pretendo passar algumas luzes, principalmente aos iniciados nas moedas clássicas, a respeito da identificação do que é verdadeiro e do que é falso. Não tenho a pretensão aqui de esgotar o assunto, que é vasto, mas apenas de ajudar com dicas que aprendi e com alguma experiência que adquiri ao longo do tempo. Muitos dos colecionadores desistem de pronto de se aventurar no universo vasto e riquíssimo das cunhagens clássicas, visto a grande quantidade de material falsificado existente hoje no mercado. Mas digo que a grande maioria do material ruim que há não resiste a uma análise de um olho mais treinado, e que sim, é possível entrar no universo dessas moedas com certa margem de segurança. Evidentemente que nenhum de nós está 100% seguro de adquirir algo falso ao longo do tempo, visto que até as grandes casas de leilão já foram em certas ocasiões enganadas, mas podemos, seguindo determinadas regras, ter uma boa margem de segurança ao "ir às compras".

Também digo que esse texto não tem pretensão de "fazer milagres" evidentemente, mas tão somente dar o pontapé inicial num longo aprendizado, que o interessado só vai adquirir no estudo das cunhagens e suas épocas, seus estilos, e principalmente: Analisando e comparando o que é bom e o que é não é.

Vamos a isso:

1 - O ESTILO:

A primeira coisa a ser analisada quando pegamos uma moeda clássica, sem dúvida nenhuma, é o estilo da peça. Talvez não exista algo mais difícil de ser descrito do que um estilo. Ele poderá ser entendido, mas descrever um estilo não é uma tarefa nada fácil. Oestilo deverá ser compreendido através do estudo das peças autênticas, da observação de suas características de gravação. Como sabemos, os artistas de uma maneira geral (como os pintores, por exemplo) possuem "seus estilos próprios". Os gravadores da antiguidade, e todos os gravadores de uma maneira geral, são/foram verdadeiros artistas, e suas obras (as moedas e medalhas) também guardam os traços de suas épocas e traços pessoais dos seus gravadores, bem como do que eles aprenderam.

Os gravadores da antiguidade e mesmo os posteriores (por via de regra), aprendiam seu trabalho ao longo dos anos. Haviam um grande período de aprendizado de seu ofício. Nas ofícinas, os mestres ensinavam a seus aprendizes os seus métodos, e passavam a eles o estilo de cunhagem próprio de sua época e local. As ferramentas que usavam, os seus métodos, como aprendiam, muito disso foi perdido, e não chegou até os nossos dias. Daí a grande dificuldade dos falsários de hoje de fazer peças iguais às antigas. Pode-se hoje fazer cunhagens até melhores, mas iguais é uma tarefa que vem se mostrando praticamente impossível. É essa justamente uma das armas que temos nas mãos contra as falsificações: O estudo do estilo!

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(Antiga medalha romana mostrando o trabalho numa casa de cunhagem. As ferramentas usadas para abrir os cunhos, os métodos, os detalhes dos trabalhos, a maioria das informações se perdeu, chegando aos nossos dias quase que apenas o estilo da época)

Vejamos exemplos de algumas moedas clássicas, gregas e romanas autênticas:

1 (Romana alto império)
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2 (romana república)
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3 (romana república)
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4 (romana baixo império)
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5 (romana baixo império)
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6 (romana alto império - Dinastia dos Severus)

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7 (grega - Arados)
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8 (grega - Atenas)
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(peça pertencente ao forista Sergius)

9 (grega - Macedônia)
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Temos aí uma amostra do estilo grego/romano, o estilo grego que posteriormente foi adotado pelos romanos (como a cultura grega o foi de uma maneira geral).
Podemos ver determinadas características nesses estilos clássicos:

- Grande qualidade de gravação (que foi sendo perdida, a medida que império romano decaia. A cunhagem bizantina já tem um estilo decadente, seguido posteriormente pelas moedas medievais européias).
Podemos dizer que o bom estilo "greco-romano" durou até a dinastia dos Severus (Septimius, Geta, Caracalla, Alexander, etc...). Após, com o baixo império, veio a anarquia militar, a inflação mais alta, e a moeda começa a ser cunhada com mais urgência, perdendo algo da qualidade. O estilo do baixo império já é algo diferente, sendo um pouco inferior ao estilo mais "clássico".

- Relevos bem acentuados. Os relevos são bem destacados, salientes, os detalhes são nítidos e "encorpados".

- Relevos volumosos. Reparem os cabelos, as faces, etc... Há um volume bem acentuado, as formas são arredondadas e buscam a máxima aproximação com a realidade. Olhos grandes e bem arredondados, cabeças simétricas, detalhes faciais expressivos. Muitas das moedas falsas não conseguem reproduzir esses relevos, que nelas ficam algo "achatados".

A compreensão do estilo, como já foi dito acima, só se dará com o estudo, com a comparação. O interessado deverá fazer um estudo mais aprofundado em livros e sites recomendados. Não há outro jeito melhor.



O PESO


O peso das peças é algo muito importante a ser observado. Ao pegar uma moeda clássica (claro que não só uma clássica, mas qualquer moeda de um modo geral), deveremos pesá-la e compará-la com a média de peso das peças consideradas autênticas.

Por exemplo: Um dracma ático pesava em média 4,36 grms, um coríntio pesaria 2,9 grms, um dracma da Egina uns 6,16 grms. Já um denário do início da república, por exemplo, pesaria em torno de 4,5 grms, com Augusto cerca de 3,4 grms, sendo o peso gradualmente reduzido com o tempo.

As moedas falsas tendem a não observar o peso ideal. Geralmente será para menos, visto que são feitas geralmente em material inferior, mas também existem casos que o peso varia para mais, mas são bem raros.

Vejamos:

A moeda 7 (Grécia - Atenas), do exemplo acima, possui um peso informado de 17,1 gramas, o que a deixa dentro de um padrão considerado correto. Podemos encontrar peças similares com 17,3 grms, 17,2 grms, 16,9 grms, por exemplo. Pequenas variações decorrentes de desgaste, pesagens não milimétricamente precisas, em balanças antigas, etc...
O que não poderiamos tolerar, seria uma semelhante a essa, pesando 16 gramas (exemplo), a variação seria muito grande.

Outro exemplo:
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Essa peça (além de ter bom estilo) pesa cerca de 1,1 grama. Neste tipo de tremiobol (meia dracma), temos uma variação de peso entre exemplares de 1,3 gramas, 1,2 gramas, etc...

Pequenas variações sempre aparecem e são toleradas dentre de determinadas margens, variando de caso a caso, mas variações "grandes" devem ser olhadas com desconfiança.

Concluindo: Verifique-se sempre a média de peso entre o exemplar examinado e os outros semelhantes considerados autênticos.


AS CARACTERÍSTICAS GERAIS DE CUNHAGEM E AUTENTICIDADE:


Essas cunhagens mais antigas, de um modo geral, possuem características algo particulares, que podem ajudar na identificação da falsa e da autêntica. São caracteres bem próprios da cunhagem manual e de como ela era realizada pelos gravadores.

Como sabemos, a moeda tinha uma de suas faces gravadas em uma espécie de "bigorna", que ficava fixa, e recebia sobre essa gravação fixa um disco de metal ainda bem quente, para sobre ele ser golpeada a outra face, estampada no cunho móvel (manual) que batia.

Essa técnica deixava alguns traços nessas moeda, que indicam que elas foram cunhadas (não fundidas) de acordo com os métodos e ferramentas então utilizados. Vejamos alguma coisa:

1 - O "Stress" do Metal cunhado.

Com a pancada do cunho no disco de metal quente, esse ia se acomodando às formas dadas pelas gravações, e ia então se moldando a elas. A massa "estática" do metal entra em "deformação" devido à força nele aplicada para que se desse a gravação. Daí vemos certos traços de "stress" na superfície da cunhagem, que mostra esse processo de "acomodação" da massa metálica à sua nova forma. São as estrias formadas pelo "deslizamento" do metal sendo amoldado nos cunhos.

Moeda do exemplo 6 acima, da Grécia (arados):

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Dentro dos círculos vemos as "estrias", decorrência natural da batida aplicada e da amoldagem da moeda.

Mais:
Moeda do exemplo 4 acima, antoniniano romano:

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Reparem nas estrias tão evidentes nas letras, o aspecto é muito natural.

Vamos ao exemplo desse áureo (ouro), é autêntico (imagem retirada do Wildwindcoins), converti a foto para preto e branco tirando o brilho:

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Agora vejamos o que a ampliação dessa imagem em preto e branco nos mostrará:

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E lá estão elas, de uma forma bem natural, novamente as estrias de cunhagem ( o "stress" metálico).

Ainda outro exemplo num denário bom romano da república:

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Outro exemplo, num antoniniano, reparem a textura do metal nas letras e na perolagem:

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Como veremos adiante,as moedas falsas não terão essa textura.

2 - As rachaduras nos cunhos.

As rachaduras nos cunhos indicarão que houve uma força exterior aplicada sobre à massa metálica, que a "esmagou". É uma decorrência natural da técnica de cunhagem manual, ocorrendo com alguma frequência. Será mais presente nas moedas de tamanho menor, pois essas terão massa mais reduzida e mais facilmente deformável pela pancada.

Moeda do exemplo 4 acima, antoniniano:

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Outro exemplo: Moeda medieval dos cruzados, com rachadura da pancada do cunho bem evidente:

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Essas rachaduras, além de serem um indicativo de uma cunhagem "martelada" ou manual, também nos dão uma importante pista, pois através delas poderemos enxergar o interior das peças, e no caso das moedas de prata, o seu envelhecimento, por meio da verificação da "cristalização" do metal. Veremos mais adiante.

3 - A Liga Metálica:

Muitas das réplicas são feitas em ligas metálicas diferentes das moedas autênticas. É importante aprender a distinguir algo sobre o aspecto da liga da moeda que se examina. Por exemplo: Os antoninianos romanos tem uma liga de prata baixa, os primeiros em 0,500, teor que foi sendo reduzido ao longo do tempo. As cópias de antoninianos do gravador bulgaro Slavey Petrov (por exemplo) são feitas de prata de boa liga, 0,999. A mesma coisa acontece com moedas gregas. Algumas moedas autênticas tem ligas mais baixas que as cópias atuais, geralmente feitas em prata de excelente liga. Vemos então que nem sempre as cópias são feitas em metais inferiores, pode ocorrer justamente o contrário. Alguns falsários chegam a derreter moedas clássicas imprestáveis para obter uma base de metal antigo, sobre a qual cunham a moeda. Nas moedas de ouro devemos observar as tonalidades das moedas tidas como autênticas. As ligas de ouro podem variar nas tonalidades, conforme sejam misturadas com cobre ou bronze (de melhor ou pior qualidade), tendendo ao amarelo ou ao avermelhado. Daí que a análise da tonalidade do ouro das peças autênticas ser uma boa pista.

4 - As Bordas**

Esse é um aspecto fundamental, a importância da analise das bordas das moedas antigas para a conclusão de sua autenticidade ou falsidade é imensa!

Nas bordas das moedas também ficará o registro da técnica da cunhagem realizada. A boa borda terá um aspecto natural. As bordas das moedas falsas via de regra sempre deixam pistas (veremos adiante).

Vamos aos exemplos:

Borda da moeda do exemplo

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O exemplo é de um tetradracma grego de Atenas. Vejam a borda da peça. Ela tem um aspecto irregular, decorrente da aplicação da força do cunho sobre a massa. Não vemos nessa borda quaisquer sinais de emendas ou soldas. Ela é natural, sendo irregular e arredondada, como deve ser nesses casos, refletindo o processo de "esmagamento" da massa de metal. O metal pressionado encima e embaixo "corre" para os lados, de acordo com a posição do cunho aplicado (quase sempre de maneira irregular pela mão do gravador). Daí o arredondamento natural e a irregularidade com que a borda se apresenta na sua continuidade.

Exemplos referentes à moeda 6 (Grécia/Arados).

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No exemplo dado acima, vemos também a irregularidade da borda, ela é mais fina em uma extremidade, e mais espessa na outra, sendo também arredondada, possuindo algumas pequenas rachaduras de cunhagem. Bom exemplo de uma borda natural para os padrões utilizados na cunhagem manual dessa época.

Outro exemplo:

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Nessa moeda grega, de menor tamanho, podemos apreciar bem a totalidade da borda, e ver a irregularidade da massa do metal, decorrente da aplicação irregular (manual) do cunho.

Outro:

Referente à moeda do exemplo 4 acima:

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Nesse antoniniano reparamos bem os sinais de esmagamento da massa metálica. Além da irregularidade, vemos que a borda é repleta de pequenas rachaduras (bem presentes nas moedas de tamanho menor).

Vamos a outra moeda bem característica, um siclo de prata da Pérsia antiga, cunhada com uma batida de punção sobre gravura em bigorna:

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Mais uma demonstração da irregularidade da borda, seu arredondamento, o esmagamento da massa metálica, com pequenas rachaduras.


A CRISTALIZAÇÃO NA PRATA


Nas moedas de prata poderemos em certas ocasiões nos valer da análise de um outro dado bem específico: A cristalização do metal.

Como sabemos, as ligas nas moedas de prata sempre levam em sua composição percentuais de cobre ou bronze, seja pelo motivo do endurecimento da liga (a prata pura é um metal muito mole) seja por que com a desvalorização da moeda ao longo do tempo o metal precioso vai sendo gradualmente retirado. Ocorre que a prata não se mistura muito bem com esses metais, e com o passar do tempo, cerca de 300/400 anos, começa na moeda um processo de degradação dessa liga, que vai se separando. O cobre/bronze da liga começa a se segregar.

Esse processo seria bem mais visível no interior da peça, onde a liga é mais vulnerável. Na parte superficial da moeda, a cristalização também pode ocorrer, mas de uma forma muito menos agressiva e bem mais lenta, visto que, devido à pancada da cunhagem, forma-se uma "capa" de prata compactada e endurecida ao redor de um "núcleo" mais frágil.
Vamos aos exemplos.

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Aqui um dracma grego de Alexandre o Grande. O idiota que o encontrou provavelmente raspou-lhe numa pedra, para ver se a prenda era preciosa. Nesse triste exemplo, entretanto, podemos ter uma visão do interior de uma moeda clássica de prata, e visualizar o processo da cristalização. Vemos que externamente a moeda está normal, a prata tem apenas seu aspecto envelhecido e patinado natural (é a camada compacta, a "capa dura"). Mas se mirarmos a raspagem, lá está no interior da peça: A cristalização bem evidente. A liga está se separando, adquirindo um aspecto de "pequenos cristais", que passa ater um aspecto brilhante e polvilhado.

Se pudessemos repartir uma moeda classica de prata pelo meio, teriamos mais ou menos o seguinte quadro:

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Vamos a mais um exemplo, um tetradracma de gallienus, de bolhão rico, mas contendo grande quantidade de cobre na liga:

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Vamos a umas imagens ampliadas:

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Vemos que nesse bolhão a cristalização do metal é visível na superfície da moeda, o cobre começou a sair da liga, e a moeda ficou com esse aspecto (quanto mais cobre na liga evidentemente maior a tendência à cristalização).

Mas como vamos ver o interior das moedas sem danificar? Por meio das rachaduras de cunho. Utilizando de lentes e luz forte, podemos olhar nas rachaduras os sinais de cristalização da prata:

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A PÁTINA

A pátina natural é um dos fatores que indicam a autênticidade da peça. Ela é bem mais presente nas moedas de prata e cobre, que tendem a sofrer mais os efeitos da oxidação natural. No ouro não vamos verificar a existência nem de crosta nem de escurecimento.

Importante é ir aprendendo a distinguir a pátina autêntica, aquela que decorre da oxidação natural, do contato entre o metal e o ar, ou com os sais presentes na terra.

Exemplos de pátinas naturais nos cobres:

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Nos exemplos dados, temos pátina acastanhada, escura tendente ao negro, e a pátina verde (malaquita). Esses são exemplos de tonalidades frequentemente encontradas nos cobres e bronzes.

Nos exemplos já dados no início do tópico, e no decorrer do mesmo, podemos ver algumas tonalidades de pátina nas pratas, mas seguem mais alguns exemplos:

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Neste tetradracma de bolhão podemos ver a ação do tempo e aparentemente do contato com a terra, o resultado é uma pátina bem natural.

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Aqui neste exemplo (Tetra de Trajano) também podemos ver uma pátina mais expessa, tipo "crosta", sendo entretanto leve, provavelmente também decorre de contato com a terra.

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Este tetra de Elagabalo demonstra bem alguns sinais de pátina e "crosta" encontrados. Aqui temos leves crostas marrons e esverdeadas. Essas crostas e pátinas não impedem a boa visualização das peças, e são também um dado de sua autenticidade, não devendo ser removidas.

AS FALSIFICAÇÕES E SEUS MÉTODOS MAIS FREQUENTES:

Até aqui falou-se sobre as moedas clássicas autênticas e suas características, mas como já foi dito, o método comparativo é sem dúvida um dos mais eficazes para o nosso aprendizado. Saber como é feita uma moeda falsa e os métodos de sua fabricação são algumas das melhores maneiras de descartá-las assim que as identificamos.

Aqui nesta parte do trabalho, vou fazer dentro do possível, uma explanação a respeito das falsificações mais frequentes.

1 - A Abertura de Cunhos Falsos.

Neste tipo de falsificação, o "artista" pretende que a moeda tenha as características de cunhagem manual, as decorrentes da batida do cunho, que já analisamos no tópico acima. Muitas vezes esse efeito de cunhagem é conseguido ( com maior ou menor perfeição), mas a distinção nesses casos será feita, principalmente, pelo estilo das peças, já que o falsário não conseguirá imitar o estilo clássico (também existirão outros indicadores).

O falsário abrirá o próprio cunho, imitando uma moeda clássica, e o baterá manualmente ou com a ajuda de máquina de cunhar medalhas.

Mas o falsário terá o seu próprio estilo (afinal ele é um artista), decorrente também das ferramentas mais evoluídas que usa. A peça não ficará igual às moedas com o estilo antigo.

Vejamos:

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(imagem retirada da internet)

O falsário abriu seu cunho, com seu estilo, e o bateu. Vemos que o disco abriu com a pancada, ficou até convincente. Mas o estilo de gravação é incorreto. Se pudessemos ver o interior da rachadura também não veriamos sinais de cristalização. Foi colocada na peça uma pátina amarelada com claro "ar" artificial.

Comparemos com a moeda autêntica:

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O estudo do estilo autêntico irá ser determinante nesses casos. Vejamos mais exemplos de falsários que abrem cunhos. Mas eles também têm o seu próprio estilo:

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(imagem retirada da internet).

Aqui um exercício de visão (as moedas foram todas retiradas da internet). Nos exemplos que seguem abaixo, a moeda encima é a autêntica, a que virá embaixo é a falsa, mas cunhada.

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(Cópia atribuída a Slavey Petrov, da Bulgária)

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(cópia atribuída a Slavey Petrov)

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(Cópia atribuída a Slavey Petrov)

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(arquivo do Windwildcoins)

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(falsa, imagem retirada da internet)

Vejamos no exemplo seguinte as bordas das moedas falsas cunhadas utilizando-se prensa ou máquina moderna de cunhar medalhas:

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Vê-se o aspecto também artificial dessas bordas falsas, faça-se uma comparação entre elas e as bordas das moedas autênticas.

Sem dúvida é necessário o aprendizado por comparação entre peças autênticas e falsas para que se identifique de imediato um estilo ruim.

Alguns gravadores chegaram quase (eu disse quase) que a perfeição, como Peter Rosa (nem em todos os casos) ou Becker (falsário da metade do séc. XIX, suas peças são hoje catalogadas e identificadas). Mas mesmo as moedas desses "mestres" também têm as suas falhas, embora enganem excepcionalmente bem, como a textura do metal, por exemplo.

Aqui alguns numismas falsos desses gravadores "perigosos":

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(Cópia de Becker. Este gravador compreendeu muito bem o estilo greco-romano. Suas cópias deram muita dor de cabeça, mas são catalogadas e também possuem indícios, reparem na textura do metal desses denários. Embora o estilo deles seja mesmo perfeito. Imagens extraidas do Anciet coins forum)

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(Cópia atribuída a Peter Rosa. Imagem do Anciet coins forum)

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(Peter Rosa, imagem do Anciet coins forum)


E ainda outro gravador digno de nota: Petr Sousek:

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Essas falsificações são analisadas dentro de todo o contexto: Pátina, estilo, textura, etc...

2 - A Fundição das Peças:

A falsificação por fundição é uma técnica largamente pelos falsários. Ao contrário do método anterior, o falsário não será um artista que de punho próprio abre o cunho, como um gravador faz, mas ele copia uma moeda pré-existente, por meio de moldagem. Assim, falsifica os dois lados da peça (verso e reverso) juntando-os via soldadura ou pressão.

Veja-se o exemplo:

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(imagem retirada da internet)

Aqui temos um cunho (p/ moldagem) feito para falsificação. Está quebrado, provavelmente foi apreendido e inutilizado. Como vemos, ele mostra bem como age o falsário, que fez cunhos com moldes dos dois lados de uma moeda autêntica para sair "fabricando" a peça.

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O segundo passo do falsário, após os moldes, é juntar as duas partes. Na imagem acima vemos uma peça falsa ainda por "soldar". Os dois lados serão juntados.

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Após a junção das partes, a borda da moeda é limada, numa tentativa de disfarçar a solda e o traço divisório da borda. O resultado é o mostrado acima.
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A moeda ficará com o aspecto acima, reparem as bordas. Evidentemente, elas também serão "trabalhadas" posteriormente.

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(imagem retirada da internet)

Esse tetradracma ateniense mostra bem o resultado final. A moeda por ter sido moldada, evidentemente ficará com um estilo bom, mas note-se que os traços de autenticidade não estão presentes nela. As bordas raspadas não tem o formato natural e arredondado, não apresentam o sinal do "esmagamento" da massa do disco. São artificiais.

Esse tipo de falsificação (fundição) apresenta-se com vários resultados. Alguns toscos e de fácil identificação, outros mais bem elaborados.

Vamos aos exemplares mais fáceis de identificar, onde veremos bem os sinais da falsificação, para depois irmos atá a fundição mais bem elaborada, quase perfeita (quase).

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Aqui temos um exemplar de fundição bem comum. Na borda existe uma "linha divisória". É um antoniniano de Claudio Gótico. Repare-se nas gravuras algo esbatidas. Isso pode até ser confundido com desgaste, mas vamos ampliar os detalhes:

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Veja-se as letras e os detalhes do busto. Nelas não vemos nenhuma das características da cunhagem manual. As letras são "plásticas" demais, algo esbatidas e sem muito relevo. O nariz possui um "foguete", ou defeito decorrente do molde mal feito.

As moedas fundidas também possuem outra particularidade interessante: A porosidade.
Durante o processo de moldagem, ficam no cunho falso pequenas "bolhas" ou resíduos, que, em maior ou menor grau (dependendo da qualidade da falsificação), vão deformar a moeda, deixando-a com um aspecto poroso.

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No exemplo acima uma falsificação tosca, que qualquer um identifica. Mas é bem útil para vermos os sinais, já que eles aparecem em maior ou menor grau.

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Vê-se agora na imagem ampliada a porosidade típica das moedas fundidas. No caso dado chega a deformar o relevo da "moeda".

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Neste exemplo (seria uma moeda medieval inglesa) tambem vemos a porosidade típica. Reparando na borda, lá está a "linha divisória".

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Ainda outra. Dentro do círculo as marcas da fundição.

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(imagem retirada da internet)

Esse tetra de Adriano também apresenta traços típicos, porosidade e "borbulhas".
As borbulhas são sinais também típicos de fundição. Pequenos pontos salientes, "calombos", decorrentes de falhas na moldagem dos cunhos falsos.

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Neste exemplar vê-se "calombos" bem grosseiros, a falsificação aqui é evidente, não oferece dificuldades.

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(imagem retirada da internet)

Já neste exemplar, vemos no reverso a porosidade bem presente. No verso, encima do busto principalmente, as "borbulhinas" típicas (bolotas) e "foguetes", bem como um "trabalho" de raspagem na borda, para disfarçar a colagem.

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Neste "Tetra" grego vemos a cunjugação de três sinais: Perda de qualidade da gravação, borbulhas e porosidade.

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(imagem retirada da internet)

Neste "decadracma" (que seria raríssimo) temos claramente os sinais de borbulhas e "foguetes", muito presentes no verso.

Agora vamos analisar falsificações por fundição com um maior grau de elaboração e qualidade, as realmente mais perigosas e que enganam bastante:

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(fotos retiradas da internet)

Aqui temos um exemplo de fundição feita pelo famigerado "Toronto Group", uma associação de falsários de primeira linha. Temos nesse exemplo três moedas exatamente iguais. Os denários a primeira vista são convincentes, mas a foto da borda de um exemplar desses mostrado aqui no fórum anos atrás nos mostra a "falha" da forja:

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A borda dá a pista. Reparem como ela está "regular". isso decorre do processo de junção entre as duas partes, que foram soldadas e raspadas, a moeda tem uma borda quase que "em 90 graus". Sinal evidente de falsificação.

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(foto retirada da internet)

Acima está exibido um áureo. Essas são geralmente as fundições mais perfeitas que aparecem, elas são realmente de uma qualidade fantástica, mas são "quase" perfeitas.
Na foto acima, vemos que a moeda apresenta algumas borbulhinhas decorrentes de fundição (apontadas pelos traços). Não temos acesso ao peso nem borda, mas com certeza eles nos trariam mais pistas.

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Aqui eu inverti o brilho de um desses áureos falsos. Com essa tonalidade invertida, nos podemos ver bem claramente (embora de forma discreta) a textura da moeda falsa. Lá estão (dentro dos círculos) pequenas borbulhas típicas. A peça não têm os sinais de autenticidade. Vamos voltar ao exemplo anteriormente dado, de um áureo verdadeiro, que possui as "estrias" e demais características:

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Essas imagens com as tonalidades modificadas mostram muito e falam por sí mesmas. Reparem a textura e detalhes de cunhagem da moeda acima, autêntica, com o exemplo anteriormente dado (áureo com o brilho invertido).

Certamente são detalhes algo pequenos, que devem ser buscados atentamente, e exigem algum treino visual, mas como pudemos ver, mesmo as falsificações mais perfeitas podem ser identificadas, de uma forma geral, com uma análise mais acurada.

Vejamos agora um exemplo de falsificação mais recente, de uma moeda do início do séc. XIX. Talvez uma falsificação de época. Também por fundição:

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Aqui observamos que a moeda é amarelada, o bolhão é bem mais baixo que o da moeda que seria autêntica.

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Numa ampliação, podemos observar bem os detalhes da fundição da peça. Vejam a porosidade e a perda de qualidade. Compare-se agora isso com um exemplar autêntico:


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(imagem retirada da internet)

Aqui a moeda autêntica. O exemplar nos ajuda muito a compreender como se deu a perda da qualidade de gravação (compare-se). Repare-se na tonalidade da prata da moeda autêntica. Outro detalhe é seu peso. A moeda autêntica possui 32 gramas, enquanto a falsificada não vai passar de 22 gramas. esse exemplar também possui raspagem na borda (comprei na internet, só tinha acesso a uma imagem ruim, e só pude avaliar depois do recebimento, aí "já era".)

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Exemplar que eu também adquiri na internet, engana muito bem. Antoniniano de Trajano Décio. O exemplar mostrado não é de prata, mas de antimônio. As partes fundidas foram "bem afinadas", ou seja: Cada "lado" dessa moeda (verso e reverso) foi raspado até o limite, o objetivo era afinar a moeda o quando possível. O falsário conseguiu seu intento em parte. A peça realmente tem um módulo finíssimo, e foi juntada por pressão, mas se repararmos bem, isso é visível. Vamos à uma foto ampliada:

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Perceba-se o "ligamento" feito por pressão entre as partes da "moeda".

Se analizarmos mais, veremos que nas letras e demais detalhes também não estão presentes os traços da autenticidade.

Abaixo uma das moedas falsas de "última geração" que andam aparecendo:

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Esse exemplar é uma falsificação de um antoniniano de Probus. Ela foi obtida por fundição de uma boa qualidade, teve suas duas partes ligadas. Reparem que a qualidade não é ruim, e a moeda não é grossa, o que a torna bem convincente. Entretanto, o rebordo não mostra sinais do "esmagamento" do disco, proveniente da cunhagem. A peça sofreu uma banho prateado, que neste caso, mostra uma grande imperfeição (no reverso, onde se nota, pelo estado geral da peça, que não decorreu de desgaste ou raaspagem). Olhando com uma lupa, são visíveis pequenos e discretos sinais da fundição, disfarçados, entretanto, pelo prateado. Ocorre que o preteado não tem uma tonalidade envelhecida, a prata é visivelmente "nova", o aspecto é diferente de uma moeda de centenas de anos, onde esse prateado se apresentaria, via de regra, com alguns pontos de absorsão pela camada prateada das impurezas do cobre base. Isso é "disfarçado" com uma pátina química aplicada nas superfícies. É uma falsa perigosa, sem dúvidas.

3 - A Pátina Falsa

O falsário irá tentar deixar a peça o mais convincente possível, logo, tentará de toda a forma dar-lhe um aspecto envelhecido, para que a falsificação perca o brilho de "coisa fabricada ontem".
Daí surgirá a pátina falsa. Ela será decorrente de óleos, graxas, químicos diversos e mesmo truques como deixar a moeda em fezes de animais durante um tempo, para que a amônia presente nesses resíduos "oxide" a "moeda".

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(foto extraida da internet)

No exemplo dado temos um exemplar da "fábrica" do búlgaro Slavey Petrov depois de passar por um bom tratamento químico. Lá está a moedinha vagabunda com um aspecto de "pátina de mil anos" (Reparem que a borda também foi limada, para disfarçar a feitura da peça).

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Neste exemplar já mostrado a pátina é tão falsa quanto a moeda. Pude constatar que ela é algo "gordurosa", como uma graxa, e impregnou a peça de tal maneira que é ruim de retirar.

4 - Falsificações da época e Viciações.

Nas épocas clássicas, surgiram as falsificações chamadas "Foureé", ou "forradas". Moedas que eram feitas em cobre e levavam um banho prateado. Alguns acham que eram falsificações extra oficiais, de falsários mesmo. Outros acaham que deveriam ser falsificações "oficiais", ou seja: Eram mesmo emitidas pelo Estado, no caso de escassês de metal ou urgência de dinheiro. Há uma tese de que os denários forrados eram usados para pagar os bárbaros, esse dinheiro ruim seria "jogado para fora" das fronteiras de Roma.

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A moeda mostrada é uma dessas falsificações de época. Vê-se bem que a capa de prata está a ruir, mostrando o cobre do interior da peça.

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Aqui moedas de ouro gregas de Alexandro Magno. A capa de ouro cedeu, mostrando enfim que as peças eram apenas forradas. O bom estilo e o envelhecimento nos mostram que eram peças feitas à época.

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Na imagem acima, um exemplo de viciação de uma moeda verdadeira. A peça é um aes autêntico, entretanto, reparem as letras e detalhes: A peça sofreu intervenção por meio de um cinzel ou buril. As letras e detalhes foram "escavados" e "reforçados" artificialmente para que a moeda adquirisse um melhor aspecto. Moeda adulterada, desvalorizou, pois perdeu mais ainda seu aspecto original.

Outra viciação perigosa, no caso dos antoninianos, que são moedas originariamente banhadas à prata:

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Na peça acima, temos um antoniniano de Aurelianus, realmente autêntico, como demonstram estilo e características de cunhagem. Entretanto, esse exemplar, pelo grau de desgaste que apresenta, teria perdido seu prateado, que foi "reposto" integralmente pelo falsário. Reparem que a moeda apresenta vários sinais de circulação, e entretanto, o prateado se sobrepõe a esses sinais, e não se apresenta gasto, como deveria ser de uma forma natural. Ademais, a prata não têm aspecto envelhecido, mas sim de coisa recente, prateado "artificial". Os pequenos pontos de "crosta" que se apresentavam, numa análise detalhada, mostraram-se artificiais, e ao serem removidos, até algo pastosos!


As Falsificações de Última Geração!


Ultimamente, andam aparecendo no mercado falsificações de primeira linha, realmente complicadas para se identificar, ao menos à vista desarmada.
Tratam-se de moedas que aparentemente tem procedência da Espanha, obtidas por cunhagem, o que as deixa com um aspecto muito convincente.
Os cunhos são obtidos por meio de moldes muito bem feitos e acabados das moedas originais (em suas versões mais perigosas), que passam por um acabamento.
Após o processo, levam um envelhecimento químico. Algumas delas:

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Realmente, essas últimas falsificações andam assustando. Pelo bom acabamento e qualidade dos cunhos obtidos por meio do molde de moedas originais, estão enganando muita gente.

Fora uma vista treinada, podem ser identificadas pela pátina falsa que sempre apresentam, daí a necessidade de ver pessoalmente as moedas clássicas que se adquire, ou no caso de impossibilidade, adquirir em local de confiança. Essas moedas não vão apresentar sinais autênticos de envelhecimento, as pátinas são superficiais e químicas, não terão sinais de crosta natural.
No caso das pratas, não haverá traços de cristalização do metal, embora às vezes passem por banhos químicos corrosivos para aparentar tal característica.
Os falsários fazem um cunho e saem com base nele, produzindo vários exemplares, para que o lucro compense. Daí que, quando aparecem exemplares no mercado com características individuais iguais, tais como "rachaduras" exatamente no mesmo local, defeitos em mesmo local, etc, em exemplares com cunhos iguais, é um sinal de que a peça será uma dessas forjas de nova geração.

*Perigo que agora vem da Sérvia (14/01/2010)

Mais uma má notícia, chegaram no mercado agora em 2009 a última geração em falsificações do leste europeu. Agora, juntamente com falsários espanhois, pilantras da Sérvia estão jogando falsificações novas nos leilões, que já começaram a ser rastreadas e identificadas:

Eis alguma coisa:

Antoninianos de Carus, todos Fakes:

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Follis de Constans, Fakes:

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Mais de Constans:

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Constantino, Fake:

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Constantino II, fakes:

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Constantino II, Fakes:

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Probus, fakes:

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Mais falsas de Probus:

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O que está chamando atenção é que são moedas bem comuns, e foram falsificadas aos montes, estão infestando os leilões virtuais.
São feitas por cunhagem, os cunhos são obtidos através de moldes de originais, e nesses casos estão "convincentes".
Podem ser identificadas pelo metal, o cobre evidentemente é muito novo, o que está sendo disfarçado por meio de muita pátina química e corrosão artificial.

Cuidado: Agora ao comprar verifiquem muito bem o envelhecimento do metal e as pátinas. Vejam mesmo o cheiro das moedas: Se cheirarem a solvente ou tinta, péssimo sinal.

Esse lixo já chega ao Ebay com certa frequência, o que permite obtermos algumas imagens de melhor definição dessas peças, e eis algumas das falsificações:

Foto 1
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Foto 2
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Foto 3
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Foto 4
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Foto 5
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Podemos perceber então que esses cunhos feitos por meio de moldes de moedas autênticas podem a primeira vista convencer bastante. Mas eles deixam pistas evidentes, e com base nelas, nos podemos pegar essas porcarias.

- O relevo e o estilo são convincentes, pois a moeda foi moldada de uma original, de uma forma muito cuidadosa, o que gerou um cunho de "qualidade". Esse cunho deve ter sido também "trabalhado" em seus detalhes pelo falsário, já que a peça tem traços até marcados. Achei algo estranho na fisionomia do Jupter, talvez devido a esse "segundo acabamento", eu acho.
- O rebordo demostra uma moeda cunhada, não houve, portanto, fundição, o que torna a identificação evidentemente algo mais complicada.
- Não há sinais de envelhecimento do metal. Apesar de ter mais de "mil anos", o cobre da moeda tem um aspecto de coisa muito recente, é "lisinho" e bem "plástico" (reparem nos exemplos acima).
- Esse cobre novo é disfarçado com muita, mas muita "pátina" obtida por meio de química. Vejam nos círculos os sinais de envelhecimento artificial. São "lacas", vernizes e tintas que imitam as velhas pátinas e crostas de terra, mas nem de longe reajem como as autênticas. Quando retirei um pouco com o gasóleo, vi que a "crosta" soltava como uma "cola velha" que estivesse agarrado no metal, assim como se fosse um desses velhos vernizes que se aplicavam antigamente nas moedas. A "pátina" do exemplo que dei é muito semelhante a que se pode ver na foto 5, foi usada a mesma "técnica". Reparem na moeda do exemplo 4. O verdete é totalmente químico, lembra a oxidação artificial dada em objetos chineses modernos de decoração, que tentam passar um "ar antigo".
- O prateado é "novo". A prata aplicada não tem um envelhecimento natural, verifica-se que não houve interação desse metal com o cobre base, como ocorreria normalmente se ela fosse uma moeda com séculos de existência. O prateado não absorveu nada da oxidação do metal base (que não houve), é "novinho" como ele, e tudo isso disfarçado com muita química por cima.

Eis mais exemplos, agora com fotos ampliadas e claras. VÊ-se que algumas trazem falhas de estilo bem evidentes:

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E aqui elas fazendo "carinha de achado arqueológico", prontas para pegar os incautos...
:)

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Gravações falsas obtidas por máquinas de cunhar medalhas:

Moedas fabricadas por grandes máquinas de cunhagem, normalmente usadas para medalhística, que têm sua finalidade desvirtuada para a falsificação numismática.

Para esse tipo de fabricação, é preciso uma infra estrutura muito grande por parte do falsário, pois além de possuir um maquinário pesado e caro, deverá contar com gente habilidosa para gravação e acabamento.

Mas felizmente esse novo tipo de engodo numismático também deixa seu rastro, como todos os outros.

Ocorre que quando do "acabamento" do trabalho realizado pela máquina de gravação e corte, ficam falhas nos pequenos e finos detalhes das letras das peças, coisa que não se consegue tirar com perfeição, daí que conseguiremos identificar uma forjada por essas "falhas de cunhagem."

As imagens abaixo mostram exemplares de moedas romanas e uma medieval falsa, todas são cunhadas por máquina. Observem os "entalhes" que ficam ao redor dos pontos mais finos da gravação, como letras e folhas. O falsário não consegue retirar essas marcas por inteiro, sob pena de estragar as gravuras mais detalhadas. O ouro das moedas é mais baixo que o das originais, e isso é disfarçado com alguma pátina química:

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* Essas fotos são do livro de Ilya Prokopov
Mais detalhes aqui: http://www.forumancientcoins.com/numisw ... 20Machines


Entretanto, assim como a tecnologia favorece os falsários, também atrapalha o "trabalho" deles, visto que a informação agora não tarda a chegar e a se espalhar entre os compradores, via fóruns e casas comerciais sérias. O falsário, para fazer as suas fabricações compensarem nesses casos, tem que "empurrar" muita coisa no mercado, mas aí percebe-se isso em pouco tempo, e logo saberemos os tipos que andam a ser imitados.

A divulgação é uma arma muito importante. A exemplo do forista "RUIAMF", que fez um ótimo tópico sebre material falso que anda aparecendo na Espanha, temos que ir divulgando tudo que aparece de "novidade" no mercado da burla.

LEMBREM-SE: Não adquiram isso conscientemente, não ajudem a alimentar um mercado que visa matar o colecionismo. Detectada a falsifica~ção, divulguem, e devolvam o material. Os vendedores também podem adquirir e repassar isso de boa fé, mas se tiverem devoluções demais com material suspeito, serão bem mais cuidadosos em adquirir as peças, e isso diminuirá a circulação das moedas ruins no mercado.

REFUGUEM, Péssimo p/ sua coleção, péssimo como investimento, péssimo como património, péssímo para o que se puder imaginar. Não contaminem suas coleções boas com moedas ruins, pois podem jogar suspeitas sobre todo o seu conjunto!
Olho vivo.


* Texto ainda em construção. Irei modificando para inserir novas imagens que ache interessantes ou complementando naquilo que achar válido.


http://www.megaleiloes.com/leiloes.php? ... liveirarod ML - http://lista.mercadolivre.com.br/_CustId_14426169
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dan
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#2 Mensagem por dan » segunda jul 07, 2008 8:36 am

Bom dia,
Caro Fabiano, os meus parabéns pelo topico, de facto está muito bom com dicas muito uteis que desconhecia e que apartir de agora quando comprar uma moeda vou levar em consideração.
Depois de o lêr fui dar uma olhadela as minhas moedas para ver se encontrava algum intruso e apesar de ficar com duvidas em relação a duas ou três ouve uma em que tive poucas duvidas, se não me engano está moeda enquadra-se nas falsas de época "foureé":
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Neste caso a moeda parece estar forrada a prata ( parece um tipo de casca) mesmo o tipo de prata parece ser diferente embora não se consiga ver na foto a prata desta moeda é um pouco mais brilhante do que as outras se calhar nem é prata, no reverso do lado esquerdo vê-se a moeda em bronze por baixo.
Nas moedas de bronze deve ser mais dificil a distinção pois certas dicas para as moedas de prata não podem ser utilizadas nas de bronze ou estarei errado?
Caro Fabiano, para "pontapé inicial" está aqui um optimo trabalho, espero que continue.
Daniel

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dan
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#3 Mensagem por dan » segunda jul 07, 2008 8:51 am

Consegui por a imagem maior:
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Daniel

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sergius
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Re: ROMANAS e CLÁSSICAS - Separando o joio do trigo!

#4 Mensagem por sergius » segunda jul 07, 2008 7:32 pm

caro Amigo Fabiano,

excelente artigo...parabéns

pode ser útil a coleccionadores principiantes...

amigo Dan, normalmente as moedas em bronze (gregas e romanas) são de mais fácil identificação porque é muito dificil fazer uma patine perfeita nas moedas...
e normalmente são todas fundidas, se bem que existem algumas cunhadas (muito bem feitas) principalmente moedas Ibéricas (portuguesas incluídas, eu já vi bastantes!!!! e algumas recunhadas em moeda antiga)

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#5 Mensagem por doliveirarod » segunda jul 07, 2008 10:22 pm

Neste caso a moeda parece estar forrada a prata ( parece um tipo de casca) mesmo o tipo de prata parece ser diferente embora
Pelo que a imagem mostra, sua moeda é uma foureé. É o que se vê pelo reverso.
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wegmar
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Re: ROMANAS e CLÁSSICAS - Separando o joio do trigo!

#6 Mensagem por wegmar » terça jul 08, 2008 9:22 pm

Belíssimo tópico, de grande utilidade para os iniciantes da numismática antiga.Bom para aprendermos a reconhecer as boas e as más moedas.
Parabens

lucirlando
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Re: ROMANAS e CLÁSSICAS - Separando o joio do trigo!

#7 Mensagem por lucirlando » quarta jul 23, 2008 1:57 pm

Excelente aula.

Estou a esperar as proximas

:erofl

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Fernando Guilherme
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Re: ROMANAS e CLÁSSICAS - Separando o joio do trigo!

#8 Mensagem por Fernando Guilherme » quarta jul 23, 2008 2:40 pm

Parabéns pelo tópico.Extremamete útil, principalmente para alguém como eu que sou iniciante na numismática clássica - mesmo que quase desistente devido ao imenso volume de falsificações (e espertalhões coniventes) que abundam na praça. Existe ainda a dificuldade de encontrar literatura adequada ao tema, tanto quanto peças e orientações, aqui em minha região. Tento adquirir sempre peças (via internet) de numismatas respeitáveis e reconhecidos, mas no que se refere às gregas e romanas, tenho que confiar (mais ainda) nas palavras e orientações destes, devido a minha completa inexperiência no tema. Estou lendo e relendo o tópico (tenho algumas das moedas mostradas - ao que parece, legítimas...) e aguardo a ampliação do mesmo. Grato.
To see a world in a grain of sand
And a heaven in a wild flower
Hold infinity in the palm of your hand
And eternity in a hour.
(Blake)

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Re: ROMANAS e CLÁSSICAS - Separando o joio do trigo!

#9 Mensagem por zefer44 » quarta jul 23, 2008 3:33 pm

Caro Fabiano,

Mais uma vez os meus parabéns. Mais uma bela lição. É para ler e guardar.
Horácio Ferreira


La cuna del hombre la mecen con cuentos

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Re: ROMANAS e CLÁSSICAS - Separando o joio do trigo!

#10 Mensagem por jcarlos » quinta ago 07, 2008 8:08 am

execelente tópico, merece ficar fixo. :biggthumpup:

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