IMP BIZANTINO - Solidus de ouro - Heraclius
- doliveirarod
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IMP BIZANTINO - Solidus de ouro - Heraclius
A figura de um importante imperador na história bizantina. Heraclius Augustus conseguiu retirar o restante do império romano da beira da destruição:
Solidus de ouro do Império Bizantino, imperador Heraclius Augustus, cerca de 639/641 DC.
Rev: Cruz potentada em altar de 4 degraus. "VICTORIA - AVGY Δ". Exergo: "CONOB" - "COnstantinopla OBryzum" - "Casa de Constantinopla" e "ouro puro"
Verso: Heraclius entre seus filhos: Heraclonas e Heraclius Constantino. Cada um portando um globo crucífero.
Sear 764
Peso: 4.5 gramas de ouro 22K
Heraclius era filho de Heraclius o "Velho", um general do imperador Maurice Tiberius. No ano de 608, "o Velho" renunciou sua lealdade ao Imperador Phocas, que tinha destronado Maurice 6 anos antes.
Os rebeldes emitiram moedas mostrando os Heraclius vestidos como consules, ainda sob o reinado de Phocas.
Atráves de algumas campanhas bem sucedidas, se aproximam de Constantinopla, onde travam contato com as principais lideranças rebeladas, derrotando a aristocracia e tomando de vez a cidade.
Phocas é aprisionado e levado perante o já coroado Heraclius, que lhe indaga: "É assim que você governa, infeliz?" No que aquele responde: "Por acaso tens tu regrado melhor?". Irritado, Heraclius corta fora a cabeça de Phocas, mandando depois castrar seu corpo, fazendo justiça a um estupro cometido pelo imperador deposto contra a mulher de Photius, um poderoso político.
Coroado pela segunda vez em 610, casa-se com Eudóxia, e com a morte desta, com Martina, sua própria sobrinha, o que lhe trouxe problemas, pois o casamento era considerado incestuoso.
Heraclius herdou uma crise no Império. O imperador Cosroes II da Pérsia tinha invadido a província da Mesopotâmia, pertencente ao império bizantino do oriente. O persa tinha sido reposto no trono pelo imperador Maurice Tiberius, e quando esse foi assassinado por Phocas, surgiu o pretexto para a invasão das províncias romanas orientais. Cosroes queria impor à Bizancio um imperador que dizia ser filho de seu antigo aliado, Maurice Tiberius.
Enquanto durou a guerra civil entre Phocas e Heraclius, os persas ganharam terreno. Tinham conquistado a Mesopotâmia inteira, entrado no Cáucaso, Síria e Anatólia. Um contra-ataque liderado por Heraclius não obteve sucesso, e a posição romana no oriente começa a ruir.Os persas tomam a Calcedônia e invadem a Ásia Menor, chegando às terras do Egito e Palestina. Em 613 tomam Damasco, e em 614, com a ajuda dos judeus, conquistam Jerusalém. Na Europa, os Avaros e Eslavos aproveitam a situação para tomar os Balcãs. O quadro era de decadência, e o império bizantino encontrava-se assim à beira do colapso geral.
Com os persas quase nos portões de Constantinopla, Heraclius pensa em abandonar a cidade, transportando a capital para Cartago, no que é dissuadido pelo patriarca Sergius.
Seguro por trás dos muros de Constantinopla, ele foi capaz de buscar a paz em troca de um tributo anual de mil talentos de ouro, mil talentos de prata, um milhar de túnicas de seda, mil cavalos, e mil virgens( ) para o rei persa. A paz permitiu a Heráclio reconstruir seu exército, cortando despesas não-militares. Desvalorizou a moeda bizantina, diminuindo a liga da prata drasticamente. Com o apoio do Patriarca Sérgio, tesouros da Igreja serviram para angariar os fundos necessários para continuar a guerra.
Em 622 Heraclius chega com um exército à devastada Ásia Menor, disposto a recuperar o império, lançando-se numa guerra santa total contra os persas, na qual o estandarte era uma imagem de Cristo.
Em 624 recupera o Cáucaso, impondo grandes derrotas aos persas. Na Europa os Avaros e Eslavos auxiliados pelos persas não conseguem adentrar em Constantinopla, tendo o cerco insucesso.
Após sucessivas vitórias, Heraclius recupera a Mesopotâmia, e chega quase às portas do palácio de Cosroes II, que diante da catástrofe iminente, foi derrubado e morto por seu filho Khavad II, que acordou a devolução de todos os territórios tomados aos bizantinos.
Em 629, Heraclius entra em Jerusalém numa majestosa cerimônia.
Heráclius tomou para si o antigo título persa de "Rei dos Reis", após sua vitória sobre a Pérsia. Mais tarde, a partir de 629, ele denominou-se como Basileus, a palavra grega para "soberano", título usado pelos imperadores bizantinos perante os próximos 800 anos.
Depois desse golpe, o império persa nunca mais se recuperou, estando pronto, portanto, para ser conquistado e convertido ao Islã, que séculos mais tarde, viria a destruir definitivamente bizâncio.
Foi esse imperador que substituiu de vez o latim pelo grego no uso oficial do império bizantino.
Solidus de ouro do Império Bizantino, imperador Heraclius Augustus, cerca de 639/641 DC.
Rev: Cruz potentada em altar de 4 degraus. "VICTORIA - AVGY Δ". Exergo: "CONOB" - "COnstantinopla OBryzum" - "Casa de Constantinopla" e "ouro puro"
Verso: Heraclius entre seus filhos: Heraclonas e Heraclius Constantino. Cada um portando um globo crucífero.
Sear 764
Peso: 4.5 gramas de ouro 22K
Heraclius era filho de Heraclius o "Velho", um general do imperador Maurice Tiberius. No ano de 608, "o Velho" renunciou sua lealdade ao Imperador Phocas, que tinha destronado Maurice 6 anos antes.
Os rebeldes emitiram moedas mostrando os Heraclius vestidos como consules, ainda sob o reinado de Phocas.
Atráves de algumas campanhas bem sucedidas, se aproximam de Constantinopla, onde travam contato com as principais lideranças rebeladas, derrotando a aristocracia e tomando de vez a cidade.
Phocas é aprisionado e levado perante o já coroado Heraclius, que lhe indaga: "É assim que você governa, infeliz?" No que aquele responde: "Por acaso tens tu regrado melhor?". Irritado, Heraclius corta fora a cabeça de Phocas, mandando depois castrar seu corpo, fazendo justiça a um estupro cometido pelo imperador deposto contra a mulher de Photius, um poderoso político.
Coroado pela segunda vez em 610, casa-se com Eudóxia, e com a morte desta, com Martina, sua própria sobrinha, o que lhe trouxe problemas, pois o casamento era considerado incestuoso.
Heraclius herdou uma crise no Império. O imperador Cosroes II da Pérsia tinha invadido a província da Mesopotâmia, pertencente ao império bizantino do oriente. O persa tinha sido reposto no trono pelo imperador Maurice Tiberius, e quando esse foi assassinado por Phocas, surgiu o pretexto para a invasão das províncias romanas orientais. Cosroes queria impor à Bizancio um imperador que dizia ser filho de seu antigo aliado, Maurice Tiberius.
Enquanto durou a guerra civil entre Phocas e Heraclius, os persas ganharam terreno. Tinham conquistado a Mesopotâmia inteira, entrado no Cáucaso, Síria e Anatólia. Um contra-ataque liderado por Heraclius não obteve sucesso, e a posição romana no oriente começa a ruir.Os persas tomam a Calcedônia e invadem a Ásia Menor, chegando às terras do Egito e Palestina. Em 613 tomam Damasco, e em 614, com a ajuda dos judeus, conquistam Jerusalém. Na Europa, os Avaros e Eslavos aproveitam a situação para tomar os Balcãs. O quadro era de decadência, e o império bizantino encontrava-se assim à beira do colapso geral.
Com os persas quase nos portões de Constantinopla, Heraclius pensa em abandonar a cidade, transportando a capital para Cartago, no que é dissuadido pelo patriarca Sergius.
Seguro por trás dos muros de Constantinopla, ele foi capaz de buscar a paz em troca de um tributo anual de mil talentos de ouro, mil talentos de prata, um milhar de túnicas de seda, mil cavalos, e mil virgens( ) para o rei persa. A paz permitiu a Heráclio reconstruir seu exército, cortando despesas não-militares. Desvalorizou a moeda bizantina, diminuindo a liga da prata drasticamente. Com o apoio do Patriarca Sérgio, tesouros da Igreja serviram para angariar os fundos necessários para continuar a guerra.
Em 622 Heraclius chega com um exército à devastada Ásia Menor, disposto a recuperar o império, lançando-se numa guerra santa total contra os persas, na qual o estandarte era uma imagem de Cristo.
Em 624 recupera o Cáucaso, impondo grandes derrotas aos persas. Na Europa os Avaros e Eslavos auxiliados pelos persas não conseguem adentrar em Constantinopla, tendo o cerco insucesso.
Após sucessivas vitórias, Heraclius recupera a Mesopotâmia, e chega quase às portas do palácio de Cosroes II, que diante da catástrofe iminente, foi derrubado e morto por seu filho Khavad II, que acordou a devolução de todos os territórios tomados aos bizantinos.
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DIGA "NÃO" ÀS FALSIFICAÇÕES CHINESAS - Não colabore com mercado criminoso
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É um encanto... Cada vez mais desperta estes temas com história anexa!
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C/ Melhores cumprimentos:
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Re: IMP BIZANTINO - Solidus de ouro - Heraclius
Lindo Ouro do Rei dos Reis...!
Miguel Costa
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Os grandes homens não nasceram na grandeza, engrandeceram.
Re: IMP BIZANTINO - Solidus de ouro - Heraclius
Lindíssima moeda! E um excelente texto. Parabéns!
Re: IMP BIZANTINO - Solidus de ouro - Heraclius
Obrigado pela historia e pelas imagems, e se me perimitirem eu gostava de acrescentar algumas coisas. Heraclio foi provavelmente o melhor general bizantinho de sempre. O império sassânina atacou Bizâncio num período de grande fraqueza do império bizantino, e coordenado com os ávaros que tinham vindo a ocupar os Balcãs. O ataque sassânica inicial tinha sido contra a síria, e cortado o império ao meio. A Palestina e o Egipto foram ocupados facilmente, porque devido às (quase constantes!) disputas religiosas bizantinas grande parte da população local estava contra o império.
Na realidade, e aqui começou a mostrar-se o génio militar de Heraclio, o imperador bizantino não levou o seu exército para a Ásia Menor mas sim por mar para junto do local onde séculos antes Alexandre tinha praticamente selado o destino de outro império persa, Issos, entre a Síria e a Ásia Menor. Da mesma forma que Dario III forçou Alexandre a combater aí porque deixar um exército inimigo atrás neste local ameaçava as linhas de comunicação dele com a grécia, da mesma forma que os sassânicas apontaram aí também para dividir o império bizantino dutante a invasão, Heraclio sabia que ao ocupar esta posição cortava as linhas do exérito sassânida que ocupava Calcedónia e ameaçava Constantinopla, e forçava uma reacção sassânida. A partir daí, e mesmo em inferioridade numérica, derrotou um a um vários exércitos sassânidas.
Depois ambos os soberanos tentaram colocar em prática a mesma estratégia que Cipião usara contra Cartago na 2ª guerra púnica: com a capital ameaçada, ameaçavam por sua vez a capital inimiga para tentar forçar o exército que cercava a sua retirar em defesa da própria capital. Os persas puderam fazê-lo primeiro, com um assalto a Constantinopla, em conjunto com os ávaros, que naturalmente falhou - ainda hoje as muralhas da cidade impressionam.
Depois a situação inverteu-se: Heraclio não tinha retirado e marchou sobre Ctesiphon, a nova capital sassânida. O estado sassânica quase se desintegou quando o rei caiu em desgralça após tantas derrotas, e foi forçado a aceitar a paz imposta por Heraclio. Por essa altura os sassânidas tinham perdido as suas melhores tropas e generais, e caia também para um novo poder o estado tributário árabe que protegia o sul do iraque das incurões vindas da peninsula arábica. Estava aberto o caminho à entrada em palco de outro povo... Heraclio já não viveria tempo suficiente para liderar tropas pessoalmente contra essa nova ameaça ao império, e não teve sucessor à altura.
Foi oferecido tributo aos Ávaros, que de qualquer forma iriam trair a paz assim comprada imediatamente. Fizeram o primeiro assalto de exérictos estrangeiros a Constantinopla, e ameacaram também a segunda cidade do império, Tessalónica, mas as muralhas destas cidades eram formidáveis e os ávaros limitaram-se a saquear campos e cidades menores. Nunca tinha ouvido algo sobre tributo pago à pérsia, naõs ei se terá havido mas não houve pausa nas operações militares.doliveirarod Escreveu:Seguro por trás dos muros de Constantinopla, ele foi capaz de buscar a paz em troca de um tributo anual de mil talentos de ouro, mil talentos de prata, um milhar de túnicas de seda, mil cavalos, e mil virgens( ) para o rei persa. A paz permitiu a Heráclio reconstruir seu exército, cortando despesas não-militares. Desvalorizou a moeda bizantina, diminuindo a liga da prata drasticamente. Com o apoio do Patriarca Sérgio, tesouros da Igreja serviram para angariar os fundos necessários para continuar a guerra.
Realmente o saque se Jerusalem pelos sassânidas foi um grande erro político deles!doliveirarod Escreveu:Em 622 Heraclius chega com um exército à devastada Ásia Menor, disposto a recuperar o império, lançando-se numa guerra santa total contra os persas, na qual o estandarte era uma imagem de Cristo.
Na realidade, e aqui começou a mostrar-se o génio militar de Heraclio, o imperador bizantino não levou o seu exército para a Ásia Menor mas sim por mar para junto do local onde séculos antes Alexandre tinha praticamente selado o destino de outro império persa, Issos, entre a Síria e a Ásia Menor. Da mesma forma que Dario III forçou Alexandre a combater aí porque deixar um exército inimigo atrás neste local ameaçava as linhas de comunicação dele com a grécia, da mesma forma que os sassânicas apontaram aí também para dividir o império bizantino dutante a invasão, Heraclio sabia que ao ocupar esta posição cortava as linhas do exérito sassânida que ocupava Calcedónia e ameaçava Constantinopla, e forçava uma reacção sassânida. A partir daí, e mesmo em inferioridade numérica, derrotou um a um vários exércitos sassânidas.
Depois ambos os soberanos tentaram colocar em prática a mesma estratégia que Cipião usara contra Cartago na 2ª guerra púnica: com a capital ameaçada, ameaçavam por sua vez a capital inimiga para tentar forçar o exército que cercava a sua retirar em defesa da própria capital. Os persas puderam fazê-lo primeiro, com um assalto a Constantinopla, em conjunto com os ávaros, que naturalmente falhou - ainda hoje as muralhas da cidade impressionam.
Depois a situação inverteu-se: Heraclio não tinha retirado e marchou sobre Ctesiphon, a nova capital sassânida. O estado sassânica quase se desintegou quando o rei caiu em desgralça após tantas derrotas, e foi forçado a aceitar a paz imposta por Heraclio. Por essa altura os sassânidas tinham perdido as suas melhores tropas e generais, e caia também para um novo poder o estado tributário árabe que protegia o sul do iraque das incurões vindas da peninsula arábica. Estava aberto o caminho à entrada em palco de outro povo... Heraclio já não viveria tempo suficiente para liderar tropas pessoalmente contra essa nova ameaça ao império, e não teve sucessor à altura.