8 e 12 Macutas de 1770
- Mmatos
- Reinado D.Afonso V
- Mensagens: 1215
- Registado: segunda nov 08, 2004 4:35 pm
- Localização: Lisboa/Caxias
8 e 12 Macutas de 1770
Estas são difíceis de se chegar a elas, mas ao fim de muitos anos lá consegui. Fica a faltar uma de 10 macutas, para ter pelo menos uma de cada valor facial.
8 macutas 1770 Ref. AG Jo 12.03 (5 mil exemplares cunhados) *Clicar para ampliar
12 Macutas 1770 Ref. AG Jo 14.03 (13 333 exemplares cunhados) *Clicar nas fotos para ampliar
Breve história da moeda em Angola:
O DINHEIRO QUE CIRCULOU EM ANGOLA
"O rasto das moedas em Angola leva-nos ao período antes da época colonial, onde o zimbo (pequeno búzio), foi durante muito tempo o capital circulante na hora da troca. Como instrumento de troca entrou em queda em 1616. O Zimbo pequeno búzio cinzento, um dos mais importantes e dos primeiros instrumentos de troca, era funcionalmente autêntica moeda local. O Zimbo – njimbu ou lumache, búzio do tamanho de um bago de café, teve curso como “ moeda” em quase toda a costa ocidental africana. Apareciam em toda a costa de Angola, embora os mais belos fossem os da ilha de Luanda. Os mais valiosos eram de cor cinzenta. Pescavam-nos as mulheres, na contracosta da ilha, avançavam pela água alguns metros e, mergulhando, enchiam de areia uns cestos estreitos e compridos, a que chamavam “cofos”. Em seguida retiravam os “zimbos” da areia recolhida, que depois separavam, segundo o critério de classificação em “puro,” “cascalho,” e “meão.” Com o passar do tempo o Zimbo começou a ser desvalorizado, e, assim, um “cofo”, que no tempo de Mbemba a Nzinga, valia trinta e três cruzados, desce para dez mil réis em 1615. Porém, já em 1616 não valia mais do que três mil réis. Mais tarde, o Zimbo deu lugar aos “panos”, como moeda mais generalizada e com origem no Congo e Luango. Estes panos traduziam riqueza em paralelo com os escravos que também durante longos anos serviram de moeda de troca monetária para o comércio. O sal também teve o seu valor como moeda, especialmente quando viesse da Kissama e das salinas de Benguela.
Depois veio o cobre, um dos metais que desde 1801 despertou o interesse dos portugueses, cuja proveniência era um dos segredos mais bem guardados dos povos que o fundiam. O marfim também fez história, o cauris, as contas feitas de missangas, as fazendas, a macuta, moeda de cobre angolano. Até 1864 a actividade económica em Angola era baseada essencialmente nos mecanismos tradicionais de permuta de géneros. O “Cauris” era uma concha branca de rara beleza. A sua generalização em Angola e no Congo teve lugar a partir do século XVI e foi consequência das relações comerciais dos mercadores portugueses que, por via marítima, o importavam do Oriente. Neste percurso de valores Pré-Monetários de proveniência exterior, circularam no actual território de Angola, a partir do Séc. XVI, as contas e missangas das mais variadas cores e feitios, que acabaram por suplantar as conchas, em especial o “zimbo” e o “cauris” na sua função de moeda. A cunhagem das moedas de cobre constava de peças de 1 macuta, ½ macuta, ¼ de macuta e cinco réis, atribuindo-se à Macuta o valor de 50 réis. Quanto à emissão de moedas de prata, constava de peças de 12, 10, 8, 6, 4 e 2 macutas, sendo estas, de uma forma geral, semelhantes às de cobre. Neste período viviam-se tempos particularmente difíceis na colónia, motivados pelo monopólio da moeda. Em 1860 a situação económico/financeiro em Angola era de facto deplorável. Havia pouco dinheiro, as receitas que entravam nos cofres públicos eram na sua maior parte constituídas por letras e títulos de dívida. Com o objectivo de fazer afluir metal sonante aos cofres, decidiram as autoridades coloniais suprimir a aceitação de letras, limitando os pagamentos apenas a dinheiro e aos irrecusáveis títulos de dívida. Mas esta medida também não surtiu efeito, extinta a moeda de cobre carimbada, assim como as cédulas de papel, passou toda a moeda circulante da colónia, a macuta (moeda de cobre), a exprimir-se pelo valor Real, moeda do reino português."
António José Canhoto 21/09/16
8 macutas 1770 Ref. AG Jo 12.03 (5 mil exemplares cunhados) *Clicar para ampliar
12 Macutas 1770 Ref. AG Jo 14.03 (13 333 exemplares cunhados) *Clicar nas fotos para ampliar
Breve história da moeda em Angola:
O DINHEIRO QUE CIRCULOU EM ANGOLA
"O rasto das moedas em Angola leva-nos ao período antes da época colonial, onde o zimbo (pequeno búzio), foi durante muito tempo o capital circulante na hora da troca. Como instrumento de troca entrou em queda em 1616. O Zimbo pequeno búzio cinzento, um dos mais importantes e dos primeiros instrumentos de troca, era funcionalmente autêntica moeda local. O Zimbo – njimbu ou lumache, búzio do tamanho de um bago de café, teve curso como “ moeda” em quase toda a costa ocidental africana. Apareciam em toda a costa de Angola, embora os mais belos fossem os da ilha de Luanda. Os mais valiosos eram de cor cinzenta. Pescavam-nos as mulheres, na contracosta da ilha, avançavam pela água alguns metros e, mergulhando, enchiam de areia uns cestos estreitos e compridos, a que chamavam “cofos”. Em seguida retiravam os “zimbos” da areia recolhida, que depois separavam, segundo o critério de classificação em “puro,” “cascalho,” e “meão.” Com o passar do tempo o Zimbo começou a ser desvalorizado, e, assim, um “cofo”, que no tempo de Mbemba a Nzinga, valia trinta e três cruzados, desce para dez mil réis em 1615. Porém, já em 1616 não valia mais do que três mil réis. Mais tarde, o Zimbo deu lugar aos “panos”, como moeda mais generalizada e com origem no Congo e Luango. Estes panos traduziam riqueza em paralelo com os escravos que também durante longos anos serviram de moeda de troca monetária para o comércio. O sal também teve o seu valor como moeda, especialmente quando viesse da Kissama e das salinas de Benguela.
Depois veio o cobre, um dos metais que desde 1801 despertou o interesse dos portugueses, cuja proveniência era um dos segredos mais bem guardados dos povos que o fundiam. O marfim também fez história, o cauris, as contas feitas de missangas, as fazendas, a macuta, moeda de cobre angolano. Até 1864 a actividade económica em Angola era baseada essencialmente nos mecanismos tradicionais de permuta de géneros. O “Cauris” era uma concha branca de rara beleza. A sua generalização em Angola e no Congo teve lugar a partir do século XVI e foi consequência das relações comerciais dos mercadores portugueses que, por via marítima, o importavam do Oriente. Neste percurso de valores Pré-Monetários de proveniência exterior, circularam no actual território de Angola, a partir do Séc. XVI, as contas e missangas das mais variadas cores e feitios, que acabaram por suplantar as conchas, em especial o “zimbo” e o “cauris” na sua função de moeda. A cunhagem das moedas de cobre constava de peças de 1 macuta, ½ macuta, ¼ de macuta e cinco réis, atribuindo-se à Macuta o valor de 50 réis. Quanto à emissão de moedas de prata, constava de peças de 12, 10, 8, 6, 4 e 2 macutas, sendo estas, de uma forma geral, semelhantes às de cobre. Neste período viviam-se tempos particularmente difíceis na colónia, motivados pelo monopólio da moeda. Em 1860 a situação económico/financeiro em Angola era de facto deplorável. Havia pouco dinheiro, as receitas que entravam nos cofres públicos eram na sua maior parte constituídas por letras e títulos de dívida. Com o objectivo de fazer afluir metal sonante aos cofres, decidiram as autoridades coloniais suprimir a aceitação de letras, limitando os pagamentos apenas a dinheiro e aos irrecusáveis títulos de dívida. Mas esta medida também não surtiu efeito, extinta a moeda de cobre carimbada, assim como as cédulas de papel, passou toda a moeda circulante da colónia, a macuta (moeda de cobre), a exprimir-se pelo valor Real, moeda do reino português."
António José Canhoto 21/09/16
Não tem Permissão para ver os ficheiros anexados nesta mensagem.
Última edição por Mmatos em terça jun 26, 2018 11:59 pm, editado 2 vezes no total.
Re: 8 e 12 Macutas de 1770
Muito bonitas!
- Jorge Silva
- Reinado D.Afonso Henriques
- Mensagens: 7565
- Registado: terça mai 09, 2006 5:57 pm
- Localização: Moita
Re: 8 e 12 Macutas de 1770
Caro Mmatos nota máxima, porque além de ter despejado um par de excelentes moedas, também teve a sabedoria de introduzir um texto, embora eu tenha net, da evolução monetária das ex colónias, permitindo assim e pelo menos para mim ter mais algum conhecimento geral, por essa excelente contribuição faço o mesmo que o meu antecessor jdickson fez dou-lhe os parabéns.
Cumprimentos
Jorge Silva
" A medalha deve ser acarinhada como uma arte nobre da escultura ".
https://betaleiloes.net/os_meus_leiloes.php
Jorge Silva
" A medalha deve ser acarinhada como uma arte nobre da escultura ".
https://betaleiloes.net/os_meus_leiloes.php
- Mmatos
- Reinado D.Afonso V
- Mensagens: 1215
- Registado: segunda nov 08, 2004 4:35 pm
- Localização: Lisboa/Caxias
Re: 8 e 12 Macutas de 1770
Com esta termino a primeira parte da saga, que era ter um exemplar de cada valor facial, independentemente do reinado que fosse. Consegui a ultima que me faltava - 10 macutas. Esta foi cunhada no reinado de D. Maria I na quantidade de 24 mil exemplares.
10 Macutas 1796 - D. Maria I Ref. AG M1 08.01 *Clicar nas fotos para ampliar
10 Macutas 1796 - D. Maria I Ref. AG M1 08.01 *Clicar nas fotos para ampliar
Não tem Permissão para ver os ficheiros anexados nesta mensagem.
Última edição por Mmatos em quarta jun 27, 2018 12:03 am, editado 1 vez no total.
-
- Reinado D.Miguel
- Mensagens: 311
- Registado: domingo dez 13, 2015 9:29 pm
- Localização: Rio Tinto
Re: 8 e 12 Macutas de 1770
Moeda 5*!
Parabens!
Parabens!
- doliveirarod
- Reinado D.Afonso Henriques
- Mensagens: 15237
- Registado: terça nov 09, 2004 2:50 am
- Localização: Brasil
Re: 8 e 12 Macutas de 1770
Das séries coloniais portuguesas são das que mais gosto esteticamente! Peças que tem os preços subindo faz um tempo, sempre difíceis de apanhar! Estão excelentes!
http://www.megaleiloes.com/leiloes.php? ... liveirarod ML - http://lista.mercadolivre.com.br/_CustId_14426169
"O colecionador é um homem mais feliz"
DIGA "NÃO" ÀS FALSIFICAÇÕES CHINESAS - Não colabore com mercado criminoso
"O colecionador é um homem mais feliz"
DIGA "NÃO" ÀS FALSIFICAÇÕES CHINESAS - Não colabore com mercado criminoso
- numisiuris
- Reinado D.Sancho I
- Mensagens: 2526
- Registado: sexta abr 11, 2014 7:07 am
Re: 8 e 12 Macutas de 1770
Angola é a única colónia que colecciono. Na monarquia tenho alguns cobres, mas nenhuma dessas pratas. São lindas e essas estão especialmente bonitas. Parabéns!
Re: 8 e 12 Macutas de 1770
São muito bonitas moedas, que tão maltratadas foram no território aonde eram destinadas. Não devem restar muitas porque os grandes comerciantes de Angola usavam-nas para os pagamentos à metrópole, levando a contínuas reclamações de escassez de moeda na colónia.
A macuta valia oficialmente 50 réis mas na realidade a conversão em metal para pagamentos em Portugal era de cerca de 4/3, 500 réis (10 macutas) angolanos valiam cerca de 350 reis em Portugal. Isto porque se cunhava um valor de 7800 réis de um marco de prata, para Angola, enquanto que em moeda circulande de Portugal eram cunhados apenas 6000 reis. Portanto a Macuta nasceu logo desvalorizada.
No reinado de D. Maria II a moeda foi de novo desvalorizada, mas apenas em 1837, alguns anos depois da desvalorização de 1822 em Portugal. Ordenou-se todos os cobres de "macutas grandes" (as cunhagens mais antigas) fossem carimbados e aceites pelo dobro do valor, e que a moeda de prata fosse aceite por um valor aumentado de 25%: 10 macutas (500 reis) passariam (na colónia) a valer 625 réis. Passou na prática a correr moeda estrangeira dado que a moeda oficial não só era escassa como tinha pesos desencontrados.
Em 1861 o cambio com a moeda da metrópole foi fixado por novo decreto em 1 Macuta para 30 réis. Por essa altura a circulação monetária já dependeria muito do uso de moedas estrangeiras dada a falta de moeda local e os pesos desencontrados dos cobres que ainda iam sendo cunhados e circulando.
A macuta valia oficialmente 50 réis mas na realidade a conversão em metal para pagamentos em Portugal era de cerca de 4/3, 500 réis (10 macutas) angolanos valiam cerca de 350 reis em Portugal. Isto porque se cunhava um valor de 7800 réis de um marco de prata, para Angola, enquanto que em moeda circulande de Portugal eram cunhados apenas 6000 reis. Portanto a Macuta nasceu logo desvalorizada.
No reinado de D. Maria II a moeda foi de novo desvalorizada, mas apenas em 1837, alguns anos depois da desvalorização de 1822 em Portugal. Ordenou-se todos os cobres de "macutas grandes" (as cunhagens mais antigas) fossem carimbados e aceites pelo dobro do valor, e que a moeda de prata fosse aceite por um valor aumentado de 25%: 10 macutas (500 reis) passariam (na colónia) a valer 625 réis. Passou na prática a correr moeda estrangeira dado que a moeda oficial não só era escassa como tinha pesos desencontrados.
Em 1861 o cambio com a moeda da metrópole foi fixado por novo decreto em 1 Macuta para 30 réis. Por essa altura a circulação monetária já dependeria muito do uso de moedas estrangeiras dada a falta de moeda local e os pesos desencontrados dos cobres que ainda iam sendo cunhados e circulando.
- Mmatos
- Reinado D.Afonso V
- Mensagens: 1215
- Registado: segunda nov 08, 2004 4:35 pm
- Localização: Lisboa/Caxias
Re: 8 e 12 Macutas de 1770
Agora uma de 6 macutas do mesmo reinado e ano do exemplar de 10 macutas mostrado acima. Está um pouco mais desgastado que os de cima, talvez devido a ter um valor mais baixo e por isso ter circulado mais. Cunhados 20 mil exemplares.
6 Macutas de 1796 - D. Maria I Ref. AG M1 06.02
6 Macutas de 1796 - D. Maria I Ref. AG M1 06.02
Não tem Permissão para ver os ficheiros anexados nesta mensagem.
-
- Reinado D.Luís
- Mensagens: 173
- Registado: terça dez 22, 2009 2:43 pm
Re: 8 e 12 Macutas de 1770
AMIGO ANDO NUM NEGOCIO E GOSTAVA DE SABER O PREÇO (+-) Sa MACUTAS D.MARIA 1796 6 E 10 macutas
dESDE JÁ UM MUITO OBRIGADO
dESDE JÁ UM MUITO OBRIGADO
cumprimentos
Garcia Horta
Garcia Horta