Muito esclarecedora a explicação e com factos muito lógicosMCarvalho Escreveu: ↑sábado abr 04, 2020 12:23 pmTem toda a razão, Carlos.
Não se trata de um ensaio, provavelmente será até particular.
O AG tende a misturar produções particulares com ensaios oficiais ou encomendas de ensaios oficiais. A outra tem a efígie de Francisco José (Franz Joseph), o kaiser austríaco.
Será uma produção particular, ainda que de grande qualidade,
Provavelmente é da altura da passagem de 1888 de D. Pedro II por Portugal, onde deveria ter sido recebido pelo sobrinho, D. Luís. Tal nunca aconteceu, tanto o imperador do Brasil como o rei de Portugal estavam doentes e afastados de actos oficiais. Ironicamente, no ano seguinte, D. Pedro II regressou a Lisboa para fazer a homenagem fúnebre de D. Luís. Foi nesse contexto que soube da proclamação da República no Brasil e que acabara de ser deposto. Como imperador deposto, foi aconselhado a recatar-se no Porto, longe da capital. Não pôde comparecer na coroação de D. Carlos, o seu sobrinho-neto.
Porque é que não é um ensaio e não será oficial?
Os retratos apresentados são cópias dos retratos das emissões oficiais. De Francisco Augusto de Campos, no caso de D. Luís I, e de Christian Lüster, no caso de D. Pedro II. Se repararmos, as iniciais F.A.C. não aparecem sob a efígie de D. Luís, nem o nome Lüster, sob D. Pedro II (aliás, Lüster, o dinamarquês que trabalhou na Casa da Moeda do Rio morrera em 1871, quase 20 anos antes).
Na época não havia grande regulamentação em relação a cópias de artistas, era comum, tanto na pintura, como na ilustração em geral, fazerem-se reproduções independentes. O próprio retrato de D. Luís de Francisco Augusto de Campos foi muito usado, sem assinatura, em medalhas comerciais, como as das exposições agrícolas e industriais da época.
Quanto à proveniência, não tenho dados. O Fabiano refere produção europeia fora de Portugal, é possível, dado que é realmente uma peça de muita qualidade. Em todo o caso, imagino que o mercado dela deveria ser Portugal, ou para comércio, ou para oferta a dignitários que acompanharam a visita. Tendo em conta o contexto da visita de 1888, em que D. Pedro II adoeceu e teve que ser tratado na Alemanha e D. Luís praticamente já não saía do quarto, a medalha não deve ter sido distribuída/comercializada muito tempo.
No entanto, acredito que seja uma preciosidade rara. Pessoalmente, nunca tinha visto.