fernanrei Escreveu: ↑terça mar 10, 2020 12:20 pm
Sem dúvida alguma que há vendedores que se fazem passar por numismatas, alguns deles, nem sequer assumem que o são. Em relação aos vendedores assumidos, também sabemos que há de tudo, incluindo os que têm mais ou menos amigos, os que são adeptos de Stuart Mill e os que seguem a ideologia ética de Kant, os narcisistas e os modestos, os lícitos e os ilícitos e depois há os que acertam em tudo o que é bom, ou pelo menos dão a entender que sim!
, mas lá está, não é fácil agradar a gregos e a troianos. Deixando a questão das vendas para outras andanças, vamos ao que o tópico inquire
Caro moderador Fernando Rei:
Não devia alinhar nisto e é a última vez que o faço. Mas há coisas que precisam de ser esclarecidas de modo definitivo...
O moderador Fernando Rei vem a um tópico, sobre um assunto, falar de outros assuntos. Assuntos nos quais pretende melindrar-me. Tudo estaria bem se não fosse o moderador Fernando Rei um apregoado exemplo comportamental de civismo, dignidade, honra e carácter. Se não fosse o moderador Fernando Rei uma pessoa elevada, como sabemos que é. Culta. Informada. Avançada até. O que não consigo para já compatibilizar com o vazio atear de fogueiras a que progressivamente se entrega, para mais investido em tão digna função, como é a de moderador do fórum de numismática.
Que fique claro que quando o moderador Fernando Rei diz que há vendedores que se fazem passar por numismatas, se refere a mim. Que quando diz que há vendedores que não assumem que o são, se refere a mim.
Meus caros, eu vendo moedas!
Vou repetir...
Eu vendo moedas...!
Desfaça-se já o enigma...
De há algum tempo a esta parte que penso em mudar a minha vida para lidar com moedas a tempo inteiro. Nada é deliberado nem planeado, sobretudo para mim e sobretudo nestes útimos 5 anos da minha vida, em que paulatinamente se me abriram e fecharam horizontes, sem que eu sequer desse por isso as mais das vezes. Primeiro começam-se a fazer estudos. Lêm-se livros suficientes para fazer um curso universitário. Descobrem-se coisas que muita gente presentemente teima em desvalorizar e descredibilizar, mas com que ninguém sequer sonhava há poucos anos atrás. Abrem-se portas. Criam-se caminhos novos. Esbarra-se no preconceito ou na ignorância. Na inveja. Na mediocridade. Vezes demais... Deveríamos já saber que sempre será assim a vida com quem ousa fazer algo diferente. Passamos por cima disso e pensamos em alternativas. Podemos sempre vender-nos a uma qualquer faculdade. Fazer uma candidatura para investigar. Pedir o impresso para o fundo comunitário. Fazer os créditos para progredir. Essas coisas do charme.
Não quero (ponto)
Não vou por aí (ponto)
Prefiro ser marginal do que alinhado (ponto)
Não preciso de ser alinhado (ponto)
Não vou ser alinhado (ponto)
O que vem do alinhamento é sempre mais do mesmo (ponto)
Alinhada estava toda a gente antes de eu ter posto o conhecimento a andar para a frente e o alinhamento dava no que dava. Na quase absoluta estagnação...
Depois... lá bem depois e apenas para contextualizar, havia gente cheia de ideias... Gente que fazia e que acontecia e que estudava. Mas que pouco ou nada publicava e, quando publicava, eram assim coisas todas vistosas da forma e com conteúdo nulo e novidades reais praticamente inexistentes. No dia em que eu consegui arranjar modo de fazer análises xrf a moedas, deveria ter percebido logo como seria o futuro. O meu parceiro de estudos da época ficou até consternado. Na altura fiquei triste e surpreso com isso. Contava naturalmente com uma reacção de entusiasmo. Era muito tenrinho, eu. Tenrinho ao ponto de querer disponibilizar aquilo que me tinham disponibilizado a toda a gente. De querer que se fizessem estudos. De os estimular. Recordo-me até de ter incentivado o moderador Fernando Rei a que fizesse ele também um estudo. Sobre os conhecimentos que sempre apregoou ter acerca de química e moedas. Na altura respondeu-me que ia reflectir no assunto, visto que nunca se propunha fazer um trabalho que não soubesse que iria terminar. Era legítimo, pensei...
A verdade é que eu andava meio maluco naquela época. Quando se anda meio maluco é tudo muito melhor. Parecem "arranques". De repente passa-se a dormir muito pouco e a andar contantemente agitado. A cabeça cheia de ideias. Tudo se cruza em mosaicos mentais. Adormece-se num pequeno recanto de uma cama. Há livros abertos e fechados às dezenas, espalhados no colchão. Quando acordamos, metade está no chão. Acendemos um cigarro e começamos a ler. Parece que nas três horas de sono que dormiramos não deixáramos de pensar num objecto de estudo. É já mais que uma paixão nessa fase. É uma obsessão. A cabeça deixa de querer saber de outras coisas. Tudo se dilui. Estamos no supermercado a pagar as compras. Olhamos para os trocos e vemos fracções. Sentimos o peso a uma moeda e daí temos uma ideia. Vivemos ideias a tempo inteiro. Qualquer coisa serve para ter uma ideia. Estamos horas na internet. Pesquisamos em todas as línguas e em todos os sítios. Vamos a bibliotecas buscar livros que faltam. Compramos alguns que não existem sequer em Portugal. Vamos tendo o apoio declarado de dois ou três carolos. Quando há novidades todos vêm bater palmas para parecer bem. Mas lentamente percebemos onde estavam os marcos no terreno. As pessoas são um poço de contradições. Todas. Custa-lhes sempre, por mais que não o saibam, que alguém esteja a fazer alguma coisa. Quem raio vai ele ser depois disto? Quem raio pensa ele que é? Faríamos todos as mesmas coisas se fossemos todos as mesmas pessoas. Resta-nos sempre uma certa moral quando não conseguimos aguentar o que nos separa. Agarramo-nos a ela tanto como ao poder. E quando olhamos ao espelho somos farrapos do que julgáramos ser. Todos, se eventualmente não pararmos para reflectir.
Feito farrapo, lentamente deixo de querer pensar em direito. Recebo um caso e não tenho pachorra nenhuma para aquilo. Antigamente era capaz de ficar horas siderado a encher o cinzeiro de beatas e a pesquisar jurisprudência noite dentro. Mas sumiu isso. Foi substituído por uma coisa que era minha desde pequeno. Que não era um simples jogo de cartas. Giro. Leve. Mas poesia pura. Daquela que nos faz esquecer de tudo o resto. Que raio iria eu fazer? Já sei. Vou montar uma leiloeira. E fácil seria fazê-la acontecer. Mas depois eram precisas moedas... E de quem são as moedas?... E as moedas vendem-se mesmo? E vendem-se para quê? Um sem número de questões que assustam só de nelas pensar...
Nos entremeios até tive uma namorada muito porreira. Que a dada altura me queria financiar a compra de moedas para eu investir. As mulheres são sempre assim. Apaixonam-se pelo poeta, para fazer dele o operário. Ainda fiz umas poucas negociatas na altura. As suficientes para que ela percebesse que eu me estava bem marimbando para ganhar dinheiro e que queria era entender a psique do Condestável até ao tutano. A verdade é que lhe devolvi todo o dinheiro que me emprestou. Só que o que ganhei, em moedas, foi directo para a colecção. Ela a dada altura desistiu de mim. Estava visto que eu era um caso perdido... As coisas foram mudando e foram-se diluindo. Os erros foram-se sucedendo. E eu percebia agora que leiloeiro nunca iria ser. Advogado já só se fosse de vez em quando, que para a malta dos papéis já dera o suficiente. E como raio ia eu vender moedas se não conseguisse separar-me de uma que não tivesse?
Ora, foi nesse momento que, pela primeira vez e sem saber bem como, consegui vender uma moeda que ainda não tinha na colecção. Foram os 500 reais de D. Sebastião, que vendi ao Sérgio aqui do fórum. Comprei-a por 485 euros, já com comissões. E lembro-me que me queria estrear nisso de vender moedas que não tenho lucrando alguma coisa de jeito. Pûs-lhe um preço. 650 euros. E o Sérgio, sabendo por quanto eu a tinha comprado, diz-me logo que por 600 ficava com ela. Mas xiça, era o Sérgio. O companheiro da ribeira e dos encontros. Um gajo muito porreiro. Fiz-lhe os 550 porque eu era um gajo tenrinho e ainda aceitei receber a 3 meses, estreando-me assim no vilipêndio da numismática com um lucro de quase 15%. Wow!!! Isto foi há meia dúzia de meses. Entretanto deixei de ser tenrinho e má pessoa. Se o Sérgio hoje quisesse a moeda, pagava os 600 que ofereceu. Aliás, se o Sérgio hoje quisesse a moeda, ia-a comprar a outro sítio, porque a crise está a avizinhar-se e o ouro vai subir.
Meus caros, o segredo de vender moedas reside única e exclusivamente no acto da compra. Vender bem depende apenas da capacidade financeira para aguentar o investimento. Se se comprou bem, está vendido e quase pelo preço que se quer. Se se comprou mal, é uma chatice. Para comprar bem, na minha opinião, são necessários conhecimentos do mercado e da ciência. Desculpem-me os "vendedores strictu-sensu". E desculpem-me aqueles que dizem que eu sou um vendedor não assumido que se faz passar por numismata. Mas a verdade é essa. Saber os preços de mercado e ver o que mais ninguém vê. É esse só e apenas o segredo para fazer dinheiro em moedas, conquanto se tenha capacidade financeira para aguentar os investimentos e conquanto se espere a oportunidade.
Isto é um vício para quem colecciona. Vamos lá falar disso. De coleccionar...
Há uns anos escrevi um texto num grupo do facebook sobre como foi o início para mim. Não me vou repetir. Mas como a maioria sabe, sou coleccionador de moedas. Sei o que aparece no mercado e o que não aparece. Sei o que é difícil de comprar e o que não é. Sei o que está sobre e sub valorizado nos catálogos. Tenho uma colecção bastante completa da monarquia portuguesa. Que já faço há décadas. Tenho as moedas à beira para estudo sempre que o pretenda. Posso comparar quase todos os tipos na hora e em mão. Essas coisas para as quais também serve uma colecção. A minha colecção de moedas vai continuando a progredir. Mas muito mais lentamente. Os tipos que me faltam, ou são todos muito caros ou muito raros. Poderia andar no melhoramento dos estados de conservação até à eternidade. Ou então passar a comprar duas moedas por ano. Mas isso só, não, desculpem lá. A partir deste estádio em que tenho a colecção e com o meu poder de compra, é chato até dizer chega. Não tem emoção nenhuma. Não ocupa o tempo. Não traz novidades constantes. Faz aprender muito pouco. Nem sequer cura a ressaca do vício... Eh pá, não... (ponto).
Para se comprarem e venderem moedas, têm que se varrer os sites de venda diariamente. Ora, para se estudarem moedas tem que se fazer exactamente o mesmo. Desculpem o espírito da paixão... Mas... Porque não juntar as duas coisas?
Portanto, para que fique esclarecido, decidi ganhar dinheiro com moedas. Desde os 500 reais que consigo vender coisas que não tenho na colecção. Tenho um Afonso Henriques lindo, que supera aos pontos o fragmento que tenho na colecção. Mas vou vendê-lo mal alguém me der bom dinheiro por ele. Já não me custa. Fotografei e pesei a moeda. Inseri-a numa base de dados. E daqui por uns anos ainda a uso num estudo sem ter que ser minha. Há uns tempos falava com o caro Vitor Almeida e dizia-lhe: "eu agora gosto é de fazer amostras e colecionar fotografias". E ele respondeu-me que "era esse o caminho". Se me custa vender o vintém RL de João III que ainda não tenho? Claro que custa. Se queria ter um cruzado de D. João IV de Lisboa, que vendi a semana passada por 700 euros? Claro que queria... Mas nunca ninguém tem tudo o que quer na vida. E eu já tenho muito. Só gostava de não ser chateado por gente que não fez nem fará pela numismática uma ínfima parte do que eu fiz e farei. E só gostava que ninguém tivesse nada que indagar acerca do que eu tenho ou deixo de ter.
No demais, mantenho uma série de convicções:
A-Não gosto de restauros nem de falsificações e estou empenhado em denunciar essas situações.
B-Gosto de saber o que as moedas significam, de as estudar e de descobrir coisas novas.
C-Quero continuar a produzir artigos científicos sobre numismática e estou certo que os anos trarão os meus artigos à tona.
D-Sou contra o mercado das certificações de cunhagem manual. Por dois motivos sobretudo. 1-Porque não existem especialistas de cunhagem manual portuguesa nas certificadoras instaladas. 2-Porque o coleccionismo por grade é um coleccionismo inculto que não gera conhecimento algum, nem possibilita por si o entendimento da história monetária ou do significado das moedas.
Não devia ter que vir aqui escrever estas coisas. Não devia sequer ter que assumir o que quer que fosse. Sou um cidadão livre. Estou numa fase de transição de vida (paulatina e gradual, há já quase 5 anos). E deveria ter direito a fazer o que bem entendesse, com toda a calma, ao meu ritmo e de acordo com as minhas ideias. Só que isso aleija os cotovelos de muita gente. E são só e apenas essas coisas que aqui tratamos. E foi só e apenas por estes motivos que um bando de idiotas decidiu andar a picar-me durante meses a fio. Desiluda-se quem cai na cantiga de pensar de modo diverso.
No demais, entendo tão bem isto... De onde vem. Porque vem. Os motivos do que vem. Já tive que ouvir os argumentos todos. "Que já tinha idade para ser pai"... "que sou mal educado"... "que os estudos estão todos mal"... As mais variadas coisas... Destituídas de conteúdo. Completamente descontextualizadas. Ataques pessoais bradados de orelha em orelha... Painéis de ignorantes a alardearem tudo o que entendem para aliviar as dores que sentem a meio dos braços. Coisas que, com boa educação, nunca deveriam acontecer.
Finalizando:
1-Há mais algum esclarecimento ou clarificação pública que expressa ou implicitamente deseje, caro moderador Fernando Rei? (é que eu só quero ultrapassar estas suas questões para ver se me ponho meio maluco outra vez, que meio maluco é que eu gosto de andar)
2-Dá licença que daqui por uns anos o número de estudos por si subscritos seja elevado ao quadrado ou ao cubo e que os meus, pura e simplesmente, apenas se somem?
3-Posso, no entretanto, ir comprando e vendendo algumas moedas, para com isso retirar lucro que aplique no que bem entender, caro moderador Fernando Rei?
4-Em caso de resposta afirmativa à pergunta anterior, dá-me licença que preserve a minha colecção de moedas separada do stock?
(não precisa de responder, que eu não lhe quero perguntar nada. Mas olhe, de cada vez que o vir despejar ignorância floreada para analfabeto dar como ciência, lá estarei para lhe dar com o martelo. Deixe as coisas pessoais e os ataques baixos. Sobretudo, deixe as falácias e as mentiras e as manipulações. Sugiro-lhe um de dois caminhos. Falar menos ou estudar mais.)